Arquivo

Mais de 9 mil hectares ardidos no distrito da Guarda em duas semanas

De acordo com os dados recolhidos pelo Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (conhecido pela sigla EFFIS) entre 24 de julho e 13 de agosto

Entre 24 de julho e 13 de agosto arderam no distrito da Guarda cerca de 9.317 hectares, de acordo com os dados recolhidos pelo Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (conhecido pela sigla EFFIS).

Trata-se de um observatório que, através de imagens de satélite, contabiliza quase em tempo real a área ardida, estimando já para o nosso país mais de 101 mil hectares consumidos pelas chamas este ano. Importa notar que o Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais apresenta os dados por defeito, uma vez que se baseia em estimativas com base 80 por cento da área total ardida que são depois confirmadas pelas autoridades nacionais. Assim, é expectável que os números do observatório ainda aumentem depois das correções. Segundo o último relatório do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), até 31 de julho tinham ardido no distrito da Guarda 296 hectares. No entanto, os dados disponibilizados pelo EFFIS indicam que nas duas últimas semanas terá ardido muito mais.

De acordo com a informação divulgada no site http://forest.jrc.ec.europa.eu/effis/, o maior incêndio teve início a 8 de agosto em Sobral Pichorro (Celorico da Beira) e devastou 1.564 hectares. A segunda situação mais importante verificou-se em Nabais (Gouveia) no dia 9, quando arderam 1.353 hectares. No mesmo dia as chamas terão consumido 1.226 hectares na zona da Bendada (Sabugal) e no dia seguinte terão ardido 1.347 hectares no Azevo (Pinhel). Ainda segundo as estimativas do EFFIS, a 8 de agosto arderam 917 hectares em Cativelos (Gouveia), enquanto em Cortiçô (Celorico da Beira) o fogo consumiu 678 hectares no dia 15. Outra ocorrência significativa registou-se em Moreira de Rei (Trancoso) no dia 7, tendo ardido 615 hectares. O incêndio do Carvalhal (Pinhel) devastou 361 hectares no dia 9, um pouco mais do que a estimativa divulgada para o fogo que lavrou na zona de Aldeia Viçosa (Guarda) a 24 de julho e que consumiu 284 hectares.

Já nos dois incêndios de Manteigas (São Pedro e Sameiro) no final de julho terão ardido 425 hectares. Mais recentemente, a 13 de agosto, as chamas tragaram 195 hectares em Longroiva (Mêda), enquanto na localidade de Murça (Vila Nova de Foz Côa) arderam 175 hectares a 9 de agosto. Finalmente, a situação menos gravosa aconteceu em Ervedosa, também no concelho de Vila Nova de Foz Côa, onde arderam 74 hectares. No total destas ocorrências resultam 9.317 hectares de área queimada no distrito da Guarda nas últimas semanas. No ano passado arderam na Guarda 11.889 hectares, o que representou um aumento «de 127 por cento relativamente ao ano anterior, quando a área ardida tinha sido de 5.235 hectares, colocando o distrito da Guarda no primeiro lugar em termos de área ardida», alertou recentemente a Quercus.

PR diz que é preciso «pensar a sério» no ordenamento do território

O Presidente da República afirmou, em Gouveia, que é preciso começar a «pensar a sério» em tratar o ordenamento do território logo no final de agosto, início de setembro.

No passado dia 10, Marcelo Rebelo de Sousa visitou áreas ardidas naquele concelho e considerou que «a grande urgência» é agora apoiar «os que estão ainda em luta, em combate, ou têm de estar, pelo menos, em alerta por estes dias e dar-lhes uma palavra de gratidão». No entanto, o Chefe de Estado sublinhou que, depois, não se pode «deixar arrefecer» o assunto. Na sua opinião, há que pensar rapidamente «num regime que envolva os municípios e que leve a criar um esquema em que haja quem seja responsável pela prevenção», começando por fazer o cadastro, que em muitos casos não existe ou está incompleto. Depois desse trabalho, Marcelo Rebelo de Sousa sugeriu a criação de «um estímulo que obrigue ou incentive as pessoas a tratarem dessas propriedades», acrescentando que tem de ser implementado «um esquema que envolva Estado, municípios e proprietários».

O Presidente da República lembrou ainda «os heróis» – os bombeiros, a proteção civil, os voluntários, as populações, os municípios e as freguesias – que têm estado no terreno a lutar contra as chamas. “Estão aqui há horas e dias – e vão estar – exaustos, a cuidar do bem comum. E quem está longe, muitas vezes, não tem essa noção do mérito enorme da resistência de quem está infatigavelmente a tentar resistir a uma realidade que é difícil», afirmou. Marcelo Rebelo de Sousa seguiu depois para o Funchal (Madeira).

Luis Martins No ano passado arderam na Guarda 11.889 hectares

Sobre o autor

Leave a Reply