Convidou-me O INTERIOR a escrever um pequeno texto sobre os desafios, expectativas e desígnios ou grandes opções a defender em 2017 a nível regional.
Confesso-me um pouco como o papel que escrevo, em branco. É que é muito difícil escrever sobre expectativas quando, na realidade, não se têm. E sobre desafios e desígnios quando aquilo que se pode dizer vai sempre soar a discurso de “Miss Universo”.
É difícil escrever olhando para um ano em que o que se criou a nível local foi uma mão cheia de quase nada. Ouvi há dias que o distrito da Guarda é aquele em que existe maior decréscimo demográfico a nível nacional, portanto, se houver algo que possa aventar como desafio para 2017 é este: contrariar o decréscimo demográfico. Porque, na realidade, este arrasta tudo o resto: a falta de emprego; a não fixação de empresas, o encerramento de escolas, tribunais e centros de saúde; o atrofiar de mentalidades, enfim, o não desenvolvimento geral.
Lamento que as minhas palavras não sejam de esperança numa reviravolta milagrosa que transformasse esta cidade num local preferencial para as minhas filhas, que representam o Futuro, viverem. Mas assim será enquanto o poder local continuar a “fazer de conta que faz” – quando zela apenas pelos próprios interesses e dos “seus” – e os outros continuarem a fazer de conta que acreditam – ou porque aguardam que assim, também eles, possam “beneficiar” do sistema montado, ou porque, na realidade, as feiras sectoriais, as rotundas sumptuosas e de gosto duvidoso, as festas natalícias e uma voz alta e projetada lhes baste.
Assim, termino com uma frase de Eça de Queirós como Desejo para 2017:
«Aos políticos menos liberalismo e mais caráter,
Aos homens de letras menos eloquência e mais ideias,
Aos cidadãos em geral menos progresso e mais moral»
Bom ano para todos.
Carla Freire
Advogada
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