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Mais 63 trabalhadores têxteis no desemprego

Confecções AVRI, na Covilhã, alega dificuldades financeiras e diminuição da carteira de encomendas

A empresa de confecções AVRI, uma multinacional luso-francesa sediada no Parque Industrial do Canhoso, na Covilhã, pretende despedir 63 dos cerca de 160 trabalhadores que emprega.

O alerta foi dado por Luís Garra, presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB), que tem já agendado um plenário para amanhã e uma reunião com a administração da empresa para dia 18 para equacionar «soluções alternativas» ao despedimento colectivo de cerca de 40 por cento dos trabalhadores da AVRI. Esta intenção foi comunicada pela empresa que confecciona gabardinas ao STBB na sexta-feira passada, invocando razões económicas e financeiras. A diminuição da carteira de encomendas e das vendas ao longo dos últimos anos poderá estar na origem das dificuldades e na vontade da AVRI manter apenas 90 funcionários na fábrica da Covilhã. Luís Garra disse estar «preocupado» com a situação, até porque não está colocada de parte uma possível deslocalização da empresa para países com mão-de-obra mais barata. «Terá havido, do ponto de vista empresarial, uma mudança de mercados, o que nos deixa antever um processo de deslocalização», refere o sindicalista, esperando encontrar soluções para minimizar os problemas dos trabalhadores.

Segundo informou, as negociações para o despedimento colectivo já estão a decorrer. A situação apanhou de surpresa o STBB, reconheceu o dirigente, até porque a empresa estava a laborar «normalmente». «Esperávamos este tipo de situações noutras fábricas do concelho, mas não nesta», acrescentou Luís Garra. Daí que continue a reivindicar pela activação das cláusulas de salvaguarda às importações asiáticas, até porque a «concorrência» destes países foi uma das queixas apontadas pela AVRI, disse. Recorde-se que ainda no final do mês passado o sector têxtil esteve em discussão na Universidade da Beira Interior com o grupo de trabalho do sector têxtil e do vestuário, formado na Comissão de Assuntos Económicos, Inovação e Desenvolvimento Regional da Assembleia da República. Na altura, sindicatos, empresários e políticos reclamaram, estratégias e políticas para defender os têxteis portugueses no mercado global. Além da inexistência de uma cláusula de salvaguarda, os intervenientes apontaram ainda como problemas a ausência de uma estratégia, de uma política industrial e a falta de apoios à criação de empresas no interior do país.

Liliana Correia

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