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Mais 258 pessoas deixaram Delphi na segunda-feira

A partir de Junho, a empresa que já foi a maior empregadora do distrito vai laborar com 314 funcionários

A Delphi vai continuar na Guarda com cerca de 10 por cento da mão-de-obra que empregou no final da década de 90. Neste período áureo, a multinacional norte-americana deu trabalho a mais de 3.000 pessoas. A partir de Junho serão apenas 314.

Segunda-feira foi o último dia para mais 258 trabalhadores da empresa de cablagens, naquela que é a primeira fase do segundo despedimento colectivo efectuado pela Delphi em cerca de um ano na sua unidade da Guarda-Gare. Até Maio, vão sair mais 28, perfazendo um total de 286 pessoas. Em Dezembro já tinham sido dispensados 315. Desta vez, a saída será feita em três fases. Depois do grupo maior abandonar hoje a fábrica, os restantes irão para casa a 30 de Abril e na semana de 24 a 31 de Maio. A partir de Junho, a empresa que já foi a maior empregadora do distrito vai laborar com 314 funcionários. Um número considerado suficiente para dar resposta às encomendas em carteira e para assegurar a continuidade da multinacional na cidade. «A administração garantiu-nos que, com os 314 trabalhadores, a fábrica será viável e terá resultados positivos», refere Adelino Nunes, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas (STIMM).

A mesma certeza foi transmitida ao Governador Civil numa reunião recente, em que também participou o autarca guardense, Joaquim Valente. Segundo Santinho Pacheco, «os responsáveis portugueses da Delphi confirmaram que a multinacional não tenciona encerrar a sua fábrica da Guarda e que os recentes despedimentos ocorreram justamente para ajustar a mão-de-obra à quebra de produção e evitar assim o fecho definitivo da unidade». Tal como os primeiros despedidos, cada um dos 286 trabalhadores que constam desta segunda lista terá direito a dois meses de salário por cada ano de trabalho a título de indemnização. Também já está definido que os novos 258 desempregados deverão deslocar-se ao Centro de Emprego da sua área de residência para se inscreverem nos dias seguintes, em horários previamente estabelecidos. «Tomámos esta opção para que as pessoas esperem o menos tempo e que sejam atendidas o mais rapidamente possível», justificou Armando Reis, director daquele serviço na Guarda.

Desde Dezembro, foram despedidos 601 trabalhadores nesta fábrica de cablagens, através de dois processos de despedimento colectivo. Por enquanto, não estão previstas mais saídas. A unidade ocupa 50 mil metros quadrados – 20 mil dos quais só de área edificada –, parte dos quais poderão ser alugados a outras empresas, como espera a autarquia.

Apresentada Iniciativa Emprego 2010

«Estamos a fazer tudo o que é possível para que a situação desses trabalhadores seja o menos penosa possível», disse o secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional. No mesmo dia em que mais 258 pessoas deixaram a Delphi, Valter Lemos esteve na Guarda para participar na sessão de divulgação do programa Iniciativa Emprego 2010.

«O Centro de Emprego tem acompanhado de forma muito próxima todas as situações. Também sei que no Ministério da Economia está a ser feito um grande esforço para negociações com outras empresas para uma eventual reinserção de alguns trabalhadores, além de que há a possibilidade de novos investimentos para a Guarda», acrescentou o governante, para quem a indústria automóvel está «ganhar fôlego novamente». Apresentada no NERGA, a Iniciativa Emprego 2010 disponibiliza um conjunto de medidas para evitar o aumento do desemprego através da concessão de apoios à manutenção dos postos de trabalho, ao incentivo à contratação de novos trabalhadores e à inserção profissional de jovens e adultos qualificados e de públicos especialmente desfavorecidos. «É o maior programa de apoio ao emprego que alguma vez foi lançado em Portugal. Com 500 milhões de euros, inclui ajudas ao pagamento da Segurança Social, estágios para jovens e prémios à cabeça, nomeadamente 2.500 euros por cada posto de trabalho criado e a isenção das contribuições sociais até três anos», declarou. Segundo Valter Lemos, «não será por falta de apoio que empresas e IPSS vão deixar de criar postos de trabalho».

Luis Martins Desde Dezembro, foram despedidos 601 trabalhadores na fábrica de cablagens da Guarda-Gare

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        segunda-feira

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