Para atrair investidores, a autarquia da Guarda quer vender os 110 lotes ainda disponíveis na Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) a 3,90 euros o metro quadrado. É quase três vezes inferior ao preço cobrado a quem já ali labora no ramo industrial e perto de seis vezes menos no caso dos serviços instalados na Quinta dos Coviais.
Esta «redução significativa» foi anunciada por Álvaro Amaro num encontro com cerca de 150 empresários do concelho, na passada quinta-feira. Nesta reunião ficou também a saber-se que o município tenciona vender a sua participação na sociedade gestora da PLIE, que será dissolvida. «Vamos pensar num novo modelo de gestão porque este não funciona», disse o presidente da Câmara aos jornalistas no final da sessão realizada nos Paços do Concelho. O autarca apelou igualmente aos investidores que adquiriram lotes naquela área empresarial para que concretizem os seus projetos. «Quisemos estimulá-los a investir, não nos próximos meses, mas também nos próximos anos, caso contrário poderão ser acionadas as cláusulas de reversão dos terrenos», garantiu o edil, para quem o objetivo destas medidas é «ter investimento, criar riqueza e gerar emprego». Até agora, o metro quadrado para indústria custa 15 euros e 25 euros para os serviços. «Os 3,90 euros foi quanto custaram as infraestruturas à autarquia sem a variante e sem o financiamento comunitário», justificou Álvaro Amaro.
«Se mantivermos os preços praticados até aqui não atraímos ninguém nem somos concorrenciais», acrescentou. Já quem está instalado não terá direito à devolução da diferença do valor, embora o presidente tenha admitido estudar «compensações consoante o volume do investimento e a criação de postos de trabalho». Atualmente, há 20 empresas instaladas na PLIE e cerca de uma dezena de projetos de intenções – entre os quais a transportadora Broliveira, que adquiriu 18 lotes. Os empresários ficaram também a conhecer a intenção do município em criar um parque TIR naquela área empresarial com capacidade para 120 camiões, num investimento estimado de 100 mil, e que deverá ficar pronto até ao final do ano. Quanto à sociedade gestora, Álvaro Amaro deixou claro que a Câmara quer sair de cena «e o mais depressa possível». A decisão de dissolver a PLIE SA já tinha sido tomada em abril do ano passado pelo executivo de Joaquim Valente, o que aconteceu cinco anos depois da sociedade não conseguir realizar o aumento de capital de 50 mil euros para 1,5 milhões de euros.
Na prática a medida não tem grandes consequências, uma vez que a sociedade está em estado vegetativo há vários anos e que a gestão da PLIE tem sido assumida pela autarquia. Passados mais de dez anos sobre o lançamento do projeto, a autarquia continua a ser o maior acionista da PLIE, com 63 por cento do capital social. O Conselho de Administração é constituído pela Câmara, que preside, pela construtora MRG [Manuel Rodrigues Gouveia], Sociedade Geral (ex-IPE – Investimentos e Participações do Estado), Joalto e Gonçalves & Gonçalves, que fechou portas no ano passado. A PLIE tem 11 acionistas fundadores: Câmara Municipal, NERGA, Associação de Comércio e Serviços do Distrito da Guarda (ACG), Ecosoros, Gonçalves & Gonçalves, Sociedade Geral (ex-IPE), grupo Joalto, grupo Luís Simões, Mota Engil, Manuel Rodrigues Gouveia e a Servihomem. Em números, o empreendimento ocupa um total de 126 hectares, disponibilizando 196 lotes. O projeto integra a Rede Nacional de Plataformas Logísticas e tinha um investimento inicial previsto da ordem dos 34 milhões de euros.
Luis Martins