«Lost in Translation» é o filme de amor que Paul Thomas Anderson tentou fazer com «Punch Drunk Love» mas falhou.
«Lost in Translation» consegue ser melhor que o perfeito «Virgens Suicidas», primeiro filme de Sophia Coppola.
«Lost in Translation» é uma espécie de «In The Mood For Love» para quem não entendeu o filme de Wong Kar-Wai.
«Lost in Translation» é «Casablanca» revisitado e oferecido a uma geração que não consegue ver um filme a preto e branco, e só dá vontade de dizer a mítica frase, que ninguém sabe quem inventou, «Play it again, Sam!».
«Lost in Translation» é o filme que mostra o que noutros filmes fica nos intervalos das acções que nos são apresentadas e deve ver-se de olhos bem abertos, com o coração nas palmas das mãos.
«Lost in Translation» é um daqueles filmes que não se quer parar de ver e se fosse possível por ali ficarmos, embalados pela beleza das imagens, dos gestos, dos silêncios e das nossas memórias de algo que nunca chegou a acontecer e que alguém que nunca conhecemos nos mostra tão bem, por ali ficaríamos, esquecidos de tudo e de todos.
Dizer que «Lost in Translation» é o melhor filme em muito tempo é dizer pouco. Acrescentar que deve ser colocado junto a «Buffalo 66», «Ghost World», «In The Mood For Love» ou «Magnolia», talvez ajude um pouco, mas não chega, nunca chega.
«Lost in Translation» consegue ser melhor em cada nova visita e tem o sabor de um primeiro beijo que nos é oferecido por alguém que nem desconfiávamos amar e que tentaremos vezes sem conta repetir, sem sucesso.
«Lost in Translation» é tão bom que quase apetece dizer que «se encontrar melhor devolveremos o seu dinheiro», e como cantam os Jesus and Mary Chain no final, é «Just Like Honey». Sejam felizes por noventa minutos!
Por: Hugo Sousa
cinecorta@hotmail.com