Algumas «particularidades» próprias da Beira Interior impediram a Comissão Nacional da Saúde Materna e Neonatal (CNSMN) de decidir qual dos três hospitais iria concentrar os partos da região.
A justificação foi dada aos jornalistas por Jorge Branco, presidente da CNSMN e coordenador do estudo entregue ao ministro Correia de Campos sobre o encerramento das maternidades, na última segunda-feira, à margem das comemorações do V aniversário do Serviço de Neonatologia do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB). Foram quatro os critérios fundamentais analisados pela comissão que ditaram o encerramento de alguns blocos de partos no país: equipa médica e de enfermagem, o equipamento, as instalações e o número de partos realizados por ano, se bem que este foi «o último a ter em conta». Só que nesta região também foram tidas em conta as baixas temperaturas, com incidência de neve, o que levou a CNSMN a remeter a decisão para os Conselhos de Administração dos hospitais. Apesar de achar que se trata de maternidades «com algumas diferenças», o presidente da comissão, e também director da Maternidade Alfredo da Costa, assegurou que no relatório não foi feita «qualquer referência» que induzisse à tutela a maternidade que deveria ficar aberta.
Esta é, na sua opinião, uma decisão que deverá surgir do entendimento entre os três hospitais. Opinião que o ministro Correia de Campos também parece partilhar. Apesar de salientar que a comissão «aponta apenas para uma unidade de partos», como forma de ganhar mais experiência, Jorge Branco diz estar disposto a «reavaliar» o parecer técnico. Mas só se a tutela apontar para a manutenção de duas salas de partos na região devido aos condicionalismos locais e regionais em termos meteorológicos, que complicarão a deslocação da grávida. Até porque, salientou, a decisão de concentrar os partos em apenas uma maternidade «não envolveu em momento algum aspectos de ordem financeira», visto que, numa primeira fase, o Governo vai ter que «investir nos hospitais onde ficar a sala de partos». Os únicos aspectos tidos em conta foram a qualidade e a segurança do serviço a prestar à grávida e ao recém-nascido. Por sua vez, João Casteleiro, presidente do CA do CHCB, aproveitou a cerimónia para lembrar o Governo que «há vida para além de Lisboa, Porto e Coimbra», pelo que tem a «obrigação de encurtar e eliminar as distâncias e não de separar ou reforçar as desigualdades na saúde». De resto, reiterou que o CHCB tem a maternidade e bloco de partos «mais bem preparada e equipada de toda a região», estando ao «nível dos melhores». Além disso, é a «única com cuidados intensivos neonatais de todo o interior Centro».