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Lixo Tecnológico

mitocôndrias e quasares

Quando à 40 anos Gordon Moore, co-fundador do fabricante mundial de chips – Intel, afirmou que a velocidade de processamento do computadores duplica aproximadamente de dois em dois anos, estava longe de imaginar a quantidade de lixo associado a este avanço tecnológico. Esta afirmação enquadra-se na Lei de Moore que tem como corolário implícito o facto de em qualquer época, todas a máquinas consideradas supermodernas estão ao mesmo tempo à beira da obsolescência.

Este facto apesar de ser tecnológico bom para todos nós que dependemos da tecnologias para sobreviver, acarreta com ele um grave problema: O que fazer com todo este material tecnológico obsoleto?

Segundo a Agência Norte Americana de Protecção Ambiental, ao longo dos próximos anos, 30 a 40 milhões de computadores por ano estarão condenados à obsolescência. Apesar deste valor bastante elevado, é preciso não esquecer que quer os televisores que os telemóveis que, actualmente, obedecem à ditadura das modas irão ter uma forte contribuição para todo este lixo tecnológico. Se todas as fontes de resíduos sólidos fossem contabilizadas, o total poderia ser superior a 45 milhões de toneladas por ano em todo o mundo, segundo o Programa Ambiental da ONU.

Deste modo, para onde irá todo este lixo? E será perigoso ambientalmente?

Se olharmos para a composição de um computador e dos restantes equipamentos electrónicos verificamos que integram componentes que são tóxicos se não forem eliminados apropriadamente, como por exemplo, o chumbo, bário; crómio; mercúrio; berílio ou cádmio. Todos estes elementos químicos são responsáveis por problemas de saúde humana. Além destas substâncias o lixo electrónico contém quantidades de prata, ouro e outros metais valiosos, que são condutores eléctricos altamente eficientes. Em teoria reciclar, o ouro que existe em velhas motherboards de computadores é mais eficiente e menos prejudicial para o ambiente do que extraí-lo da terra, frequentemente através da mineração de superfície destruidora de florestas tropicais incólumes.

Na actualidade, menos de 20 % do lixo electrónico que entra nos canais dos resíduos sólidos é canalizado através de empresas de reciclagem. Nestas empresas o material é reciclado com a preocupação de minimizar a poluição e os riscos para a saúde.

O perigo dos lixos tóxicos para a saúde pública é tão sério que muitos governos têm tentado criar uma rede regulamentar internacional. A Convenção de Basileia de 1989, um acordo celebrado por 170 países, exige que os países desenvolvidos previnam os menos desenvolvidos da chegada de carregamentos de resíduos tóxicos, uma vez que existem empresas de reciclagem destes lixos que enviam o material para estes países onde as leis ambientais são fracamente aplicadas.

Estes países onde as leis ambientais são pouco expeditas, revelam-se um repositório de material que tem que ser combatido sob pena de se tornarem a lixeira dos países desenvolvidos.

Em Portugal, existe uma rede de recolhas destes lixos, promovida pelas duas sociedades gestoras licenciadas (a Amb3E e a ERP Portugal), bem disseminada pelo país que fazem uma primeira triagem dos resíduos de equipamentos eléctricos e eléctricos pelos cinco principais fluxos – grandes equipamentos; equipamentos de arrefecimento e refrigeração; equipamentos diversos; lâmpadas fluorescentes e de descarga; monitores e aparelhos de televisão (tubos de raios catódicos).

A reciclagem deste lixo revela-se fundamental pelo que devemos todos apoiar esta ideia!

Por: António Costa

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