A liderança de João Prata saiu reforçada da última reunião do plenário de secção do PSD da Guarda. Numa sessão em que se esperava ouvir duras críticas ao presidente da concelhia pelo mau resultado nas autárquicas de 11 de Outubro na capital do distrito, o desfecho acabou por ser bem diferente, até porque grande parte dos contestatários nem sequer pediram a palavra.
Segundo o que O INTERIOR apurou, a excepção foi Ricardo Neves de Sousa, que foi o porta-voz da oposição a Prata. Na sua intervenção, o ex-deputado municipal criticou o processo de escolha de Crespo de Carvalho e a forma como decorreu a campanha, tendo confrontado o líder com os resultados antes de pedir a sua demissão. Mas não teve eco na assistência, pois Manuel Rodrigues e Carlos Gonçalves limitaram-se a ouvir, enquanto Ana Manso e Jorge Libânio primaram pela ausência. Neste cenário, estavam reunidas as condições para os apoiantes de João Prata, em maioria na sala, cilindrarem autenticamente os contestatários. Alfredo Freire foi dos mais incisivos soube O INTERIOR ao estranhar que alguns dos «principais adversários» da candidatura do PSD à Câmara da Guarda tivessem sido determinados militantes e antigos dirigentes. A tal ponto que considerou ser Ricardo Neves de Sousa «a última pessoa a poder fazer esta leitura dada a forma como se manifestou publicamente durante a campanha em prejuízo do partido».
Para João Prata, o assunto autárquicas está fechado. «O plenário observou que os resultados foram maus, até porque perdemos um vereador, mas também deu conta do crescimento em termos de freguesias. Pela primeira vez na sua história, o PSD tem 15 presidentes de Juntas na Guarda», disse a O INTERIOR, confirmando que «um militante» pediu a sua demissão da presidência da concelhia, mas que os restantes participantes no plenário consideraram ser «melhor levar o mandato até ao fim». Para o líder da concelhia, «esta agitação e provocação gratuita que se ouviu e leu na comunicação social antes desta reunião terá mais a ver com as eleições para a distrital do que com as autárquicas». Por isso, foi assumido o compromisso de maior contenção nos próximos tempos: «A esmagadora maioria defendeu que os militantes deveriam ser mais contidos nas suas declarações públicas relativamente ao partido a que escolheram aderir livremente», adianta João Prata.
Nesta reunião a palavra expulsão também circulou pelo plenário, mas apenas enquanto mera sanção prevista no estatuto disciplinar do PSD. «Ninguém pediu a expulsão de ninguém. Mas admito que alguém poderá ter infringido algumas normas de cariz disciplinar nas últimas autárquicas, o que é punível de acordo com os nossos estatutos», refere João Prata, para quem, ser militante de um partido é ter «uma série de direitos e deveres, entre os quais o respeito pelas decisões e opções partidárias». Mesmo assim, lembra que qualquer militante pode recorrer ao Conselho de Jurisdição, o órgão que delibera e administra penas como advertências, suspensões e expulsões «se os argumentos o justificarem».
Luis Martins