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“Lay-off” adiado na Rohde

Apesar de medida não se ter verificado, autarca de Pinhel já solicitou ajuda ao Governo

A multinacional de calçado Rohde anulou o “lay-off” previsto para a fábrica de Pinhel. Para tal, contribuíram algumas rescisões de contratos e o aumento de encomendas. Inicialmente, a administração tinha definido um período entre 21 de Novembro e 27 de Janeiro, mas os funcionários estão a laborar ao ritmo costumeiro das máquinas e dos pedidos de calçado.

Invocando a contínua falta de encomendas, a fábrica de calçado luso-alemã, sediada em Santa Maria da Feira, preparava-se para recorrer a mais um “lay-off”, mas «felizmente não deve ter sido necessário», constata António Ruas, presidente da Câmara de Pinhel. Apesar dos motivos não serem conhecidos, o que é certo é que a situação foi «ajustada», por isso o autarca mantém a decisão de solicitar ajuda ao Governo. E já pediu uma audiência aos ministros do Trabalho e Economia «para saber como lidar com esta matéria, que para nós, bem como para toda a região, é muito complicada», diz, apreensivo, António Ruas. Segundo o edil será um desastre social para o concelho se a Rohde não conseguir ultrapassar esta crise, no entanto, acredita que a fábrica vai «resistir e continuar a laborar». Trata-se da maior entidade empregadora de Pinhel, com cerca de 600 trabalhadores. Depois de alguns “lay-off” e desta ameaça mais recente, que não se chegou a concretizar, alguns funcionários tiveram que rescindir o contrato. «Ainda que amigavelmente», frisa Carlos João, presidente do Sindicato Têxtil da Beira Alta (STBA). Nas últimas semanas foi afixado um comunicado na fábrica a propor a rescisão dos contratos e «houve muitos que aderiram», adianta o sindicalista, que ainda desconhece quantas pessoas optaram por sair.

Apesar do sindicato ter sensibilizado os trabalhadores para não seguirem essa via, o dirigente compreende as suas razões: «É a pressão que vivem dentro da fábrica e os constantes “lay-off” que causam uma certa instabilidade», atira. Segundo Carlos João, o STBA fez tudo para que «os funcionários não vendessem os seus postos de trabalho», sublinhando que, na fábrica, se vive «todos os dias um terrorismo psicológico». Apesar de terem rescindido por mútuo acordo, os operários foram para casa com «indemnizações miseráveis, cerca de 50 mil euros ou pouco mais», acusa. Por outro lado, o sindicalista não vê forma do Governo poder ajudar e acusa a administração de recorrer ao “lay-off” para «ganhar dinheiro à custa do salário dos trabalhadores e da descapitalização da Segurança Social». A Rohde emprega actualmente cerca de 600 trabalhadores em Pinhel e 1.200 em Santa Maria da Feira. Unidades que têm entrado em “lay-off” desde 2000: foram abrangidos 823 trabalhadores em Outubro de 2001, cerca de mil em Setembro de 2002, 750 em Fevereiro de 2003, 747 em Maio de 2004 e, este ano, o “lay-off” de Junho terá atingido cerca de 900 trabalhadores. Entretanto os dois “lay-off” anunciados para Outubro e entre Novembro deste ano e Janeiro de 2006 foram adiados.

Patrícia Correia

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