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L’Áquila

mitocôndrias e quasares

Depois do abalo sísmico que se abateu, na passada 2ªfeira sobre a região de L’Áquila, em Itália, provocando um número indeterminado de mortes e milhares de desalojados convêm perceber um pouco melhor como funcionam estes fenómenos naturais.

À escala da vida humana, a maior parte da Terra parece passiva e imutável. Mas em alguns locais da esfera terrestre, com a Itália, a crusta terrestre está activa e move-se provocando sismos ou erupções vulcânicas. Estas e outras áreas dinâmicas situam-se nas principais faixas sísmicas que, na maior parte, percorrem o meio das bacias oceânicas ou passam através de massas continentais.

Os acidentes, a actividade sísmica e o vulcanismo que caracterizam os limites das placas são causadas pelos respectivos movimentos. Existem três movimentos principais: as placas podem afastar-se, colidir ou deslizar umas pelas outras. A separação das placas implica a formação de nova litosfera entre elas. A litosfera é a camada exterior rígida da Terra, consistindo na crusta e na parte superior do manto. A litosfera desloca-se sobre a astenosfera.

O processo de formação de nova crusta ocorre nos bordos das placas construtivas entre as cristas oceânicas, onde a matéria do manto se eleva, criando uma nova crusta.

A colisão, por outro lado, exige a destruição da litosfera no limite das placas. As fossas oceânicas marcam os limites de placas destrutivas, e nesses pontos a litosfera de uma placa é sobreposta por outra placa e reabsorvida no manto, designando-se este processo por subducção. A continuação da subducção de uma bacia oceânica pode levar à total desaparição da mesma e à colisão dos continentes que a limitam. Nessas condições podem formar-se cadeias montanhosas, quando os continentes se empurram entre si, forçando a matéria intermédia a elevar-se, como sucedeu quando a Índia colidiu com a Ásia há cerca de 50 milhões de anos, criando os Himalaias.

O outro tipo de movimento de movimento das placas verifica-se quando as placas deslizam uma pela outra, nos locais a que se chama falhas de transformação, que dos outros dois movimentos, uma vez que não se forma nem se destrói matéria. É frequente que essas fronteiras entre placas sejam marcadas por falhas importantes como é o caso da Falha de Santo André, na Califórnia.

Uma das características das placas é o seu movimento. A maior parte dos nossos conhecimentos sobre as velocidades muitos lentas das placas provém do estudo do campo magnético terrestre da Terra, o qual, no passado inverteu repetidamente a sua direcção, fenómeno conhecido por inversão de polaridade.

Em volta dos locais de expansão do leito oceânico, há faixas de rochas com polaridade inversa. Datando essas diferentes faixas, pode deduzir-se a média de expansão. Utilizando este método, verificou-se que a velocidade de separação das placas variam entre 9 mm por ano no oceano Atlântico Norte e 90 mm no oceano Pacífico.

Em L’Áquila, o sismo, com magnitude 6.3 na escala de Ritcher, teve origem numa falha normal com orientação NW-SE localizada nos Apeninos, uma cadeia montanhosa que atravessa o centro da Itália. Tectonicamente, os Apeninos são em grande parte um prisma acrecionário formado como resultado da subducção, de Este para Oeste, da micro-placa Ádria sob os Apeninos.

Por: António Costa

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