Paulo Lopes não queria acreditar quando, há cerca de 15 dias, descobriu que os cabos elétricos de uma grua, instalada numa obra próxima da Avenida Dr. Francisco Sá Carneiro, junto ao IPG, tinham sido furtados.
O sócio-gerente das Construções Natálio Costa Lopes e Filho adianta que este roubo deve ter acontecido há um mês, «mas só demos conta mais tarde, porque neste momento não estamos a trabalhar ali». Os ladrões cortaram e levaram os cabos de alimentação – incluindo o trifásico –, o cabo do comando da grua, os do quadro elétrico e os sensores da torre. O empresário foi à Polícia Judiciária para apresentar queixa, tendo sido encaminhado para a PSP: «Informaram-me que teria que apresentar uma queixa-crime, mas a questão foi dificultada, já que tinha de dizer quantos metros tinham sido roubados e o valor do prejuízo», recorda. Perante este contratempo acabou por não fazer nada: «Não sei qual o valor em causa, quem roubou os cabos para aproveitar o cobre é que deve saber», ironiza.
Mas a maior surpresa ainda estava para vir, pois quando referiu que o cabo trifásico da grua também tinha sido cortado ficou a saber que se estivesse em carga, «e quem o cortou morresse ao fazê-lo, eu poderia ser acusado de crime público». O empresário admite que o valor do material em si «não deve ser nenhuma fortuna, mas o pior são os custos com a mão-de-obra na reinstalação. Só então o prejuízo será mais evidente». Por outro lado, também receia colocar cabos novos porque os ladrões podem voltar ao estaleiro. «Eles sabem onde está a grua e corremos o risco de acontecer o mesmo», declara Paulo Lopes, para quem o sucedido é «o reflexo do país que temos. Sabe-se quem está a fazer isto, mas mesmo que os chamem a depor não vai acontecer nada».
Há um ano tinham sido furtados cabos de uma betoneira da mesma empreitada, mas na altura o prejuízo não foi tão elevado. «Os furtos de ferro e cobre têm acontecido, ainda há pouco tempo roubaram aço da obra de uma construtora e o cabo de alimentação de uma grua idêntica à nossa noutro estaleiro», recorda. Para o construtor, «quem compra estes cabos tem igualmente culpa, pois se lhes aparecem com cabos cortados desta forma é para desconfiar. Até porque se não tivessem quem os recebesse, não os conseguiam vender e talvez isto não se verificasse», conclui.
Sara Quelhas