Os horrores da morte assistida por vídeo estão a transformar o crime. Vou mostrar o teu filho a morrer se não me pagas. Mando-te a imagem da degolação se não me vendes o apartamento.
Uma enorme e impúdica carnificina nasceu no Iraque e dessa não fala a esquerda anti-globalização. “São as armas dos pobres contra a opressão”. O assassínio espectáculo tem origem na louca corrida das audiências. Sabemos como passar mensagens e interessar as televisões. Sabemos criar novos factos.
O mundo suspenso da morte de Bigley. Mas o mundo sabe porque há televisões a transmitir e a comprar estas sacanagens. O jornalismo carece de uma intensa reflexão nesta hora em que se subverte aquilo em que se acredita. É um ponto de viragem, o muro caiu em Bagdad.
A função denunciante dos “media” teve seu auge no Watergate e está em observação no caso da Casa Pia em Portugal. Mas se mostrar leva à morte em espectáculo, sem critério, então o modo tem de ser legislado por outros. Por essa razão compete aos jornalistas pensarem soluções e interpretarem saídas antes que outros legislem as balizas.
Por: Diogo Cabrita