O partido do poder na Guarda vai a votos no sábado. Tiago Gonçalves e Júlio Santos corporizam as duas tendências existentes na secção da Guarda do PSD, uma próxima de Álvaro Amaro e a outra nem por isso. Nestas eleições há 526 militantes em condições de votar, mais 111 que nas últimas diretas, quando Santana Lopes venceu Rui Rio.
Tiago Gonçalves promete concelhia «solidária» com Álvaro Amaro
Tiago Gonçalves considera que a concelhia do PSD da Guarda tem que ter «vida própria», mas sublinha com ele a liderar será «solidária» e vai «trabalhar ativamente» com os órgãos autárquicos para os ajudar «a projetar o futuro» da cidade e do concelho. O objetivo é conseguir uma «nova e retumbante vitória» nas autárquicas de 2021.
O primeiro candidato da lista B que concorre às eleições de sábado divulgou as suas listas na sexta-feira num auditório do Paço da Cultura lotado por militantes e simpatizantes. «É uma equipa heterogénea com gente da cidade e das freguesias rurais, militantes mais antigos e outros mais recentes, porque este é o momento de reconciliar o PSD com a sua história, que é de muitos amores e ódios», disse Tiago Gonçalves. Alfredo Freire, militante mais antigo e fundador do partido na Guarda, concorre à mesa do plenário, tendo como vice Isabel Andrade e secretário Luís Prata. À comissão política concelhia candidatam-se Cecília Amaro e Pedro Nobre (vice-presidentes), bem como António Mendes (secretário-geral), Luís Baía, Luís Fernandes, Afonso Proença, António Venâncio Gonçalves e Paula Ribas, entre outros. Já a comissão de honra é presidida por Carvalho Rodrigues e inclui Joaquim Brigas, António Peres de Almeida, António Morgado, Helena Ravasco, Rui Quinaz e Jorge Godinho.
Na sessão Tiago Gonçalves considerou que no sábado os militantes vão escolher entre dois projetos diferentes para o futuro do PSD na Guarda e que já sabem que a lista adversária, liderada por Júlio Santos, «não tem muito que ver com o apoio e solidariedade aos nossos eleitos» na Câmara, Assembleia Municipal e freguesias. «O que represento é muito próximo dos nossos autarcas, ajudando-os e contribuindo para que em 2021 a vitória possa ser do mesmo tamanho da que obtivemos em 2017», afirmou o ex-diretor de campanha de Álvaro Amaro. O candidato denunciou ainda que a candidatura de António Júlio Aguiar à mesa do plenário de secção «não tem nada de independente, porque vai concorrer sobre a mesma letra da lista adversária». Alertou também que «muitos já esqueceram os 37 anos que o PSD esteve na oposição na Guarda», apelando à união do partido porque «as próximas eleições podem ser facilmente perdidas se dermos tiros nos pés».
Aumentar o número de militantes, descentralizar reuniões do plenário e comissão política, organizar «grande» convenção autárquica e criar gabinete de estudos para «projetar a Guarda de 2030», mas também reunir com as concelhias sociais-democratas da Covilhã e Fundão para «lutar por políticas diferenciadoras» para a região, são algumas das propostas de Tiago Gonçalves. O advogado anunciou ainda que se candidata a dois mandatos.
___________________________
Júlio Santos concorre contra a «municipalização» do partido
Júlio Santos concorre para unir o PSD local e «contra a municipalização do partido e a politização da autarquia». O líder da lista A apresentou os seus candidatos na noite de segunda-feira, na sede laranja, perante algumas dezenas de apoiantes.
«Connosco, a concelhia estará disponível para uma relação de ganho mútuo com a Câmara para gerar complementaridade e evitar servilismo e apatia», sublinhou o atual presidente da mesa do plenário de secção, não sem antes garantir «apoio inequívoco» às políticas desenvolvidas pela autarquia. Na sua intervenção o candidato declarou que as suas listas são formadas por pessoas que «não dependem da política» e são «livres pensadores» no seio da social-democracia guardense. Júlio Santos disse ainda que será «a voz das bases, às quais todos devem lealdade», e garantiu que, se for eleito, vai exigir que a maior concelhia do distrito seja reconhecida «nas decisões do partido, o que não tem acontecido nos últimos tempos». Aos jornalistas, acrescentou que o PSD está «muito bem» com Álvaro Amaro na Câmara, mas ressalvou «que deve haver uma dualidade e não confusão entre autarquia e o partido».
E acrescentou: «Obviamente que estamos com Álvaro Amaro, adoramos Álvaro Amaro, que veio tirar a cidade do estado anestésico em que estava», reconheceu Júlio Santos, que vê na lista adversária «imensas ligações» à autarquia. «Tiago Gonçalves deve preocupar-se com os assuntos da Assembleia Municipal e deixar para o partido o trabalho político, de militantes e militância, senão começa a baralhar-se tudo», exemplificou. O candidato considerou também que na campanha de 2013, quando o PSD derrotou o PS nas autárquicas, «muitos militantes, de base, de história, foram ignorados. São esses que queremos chamar para o partido outra vez». Criar um conselho de opinião com os militantes mais antigos e um conselho executivo para apresentar ideias e projetos para a Guarda, mas também realizar encontros e eventos informais de militantes, como sardinhadas, são algumas das propostas do programa de Júlio Santos, para quem «faz falta convívio» ao PSD guardense.
Na lista para comissão política concelhia candidatam-se Manuela Monteiro, Jorge Granja de Sousa (vice-presidentes), Irene Amado (secretária), Odete Ganilha (tesoureira), Pedro Gomes, Fernando Madeira, Carlos Baía, Vítor Cunha, Sónia Marques e Mário Madeira, entre outros. À mesa do plenário concorrem António Júlio Aguiar, Tânia Cameira e Ana Sousa. Na comissão de honra constam nomes como António Alves da Cunha, António Soares Gomes, Orminda Sucena, José Duarte, Jorge Pires, Maria Alcina Fonseca e Amândio Cruz, entre outros militantes.
Luis Martins