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Jovens inscrevem Trancoso no “Muro das Cidades”

Painel de azulejos está colocado à entrada do Centro Cultural e será inaugurado a 29 de Maio

Rapazes e raparigas, de todas as idades, de Trancoso empenharam-se na pintura de um mural em azulejo. Pela primeira vez nesta iniciativa, eles conseguiram inscrever todos os 50 artigos da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia. O projecto, inédito na região, decorreu no âmbito da acção “Inscrever a Europa nos Muros das Cidades” e teve lugar na Escola Profissional de Trancoso na última semana durante quatro dias. O painel de azulejos já está colocado à entrada do Centro Cultural, mas só será inaugurado, juntamente com a nova infraestrutura, no próximo dia 29 de Maio.

O projecto visa sensibilizar as populações sobre a consciência da cidadania europeia e informar sobre a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia. «Através do desenho e da pintura os jovens aprendem os artigos que constam na Carta», refere Vera Ferraz, uma das formadoras envolvidas. Todos os direitos são explicados e posteriormente ilustrados pelos participantes locais. «E os pequenos artistas adoram», garante, revelando que o resultado final vai ser colocado num local público e ficar para a posterioridade. Para o efeito, o Centro de Informação Europeia Jacques Delors, entidade responsável pela difusão de informação e pela formação sobre a União Europeia junto dos cidadãos portugueses, a Associação Inscrire, que desenvolve projectos orientados nomeadamente para a difusão da Declaração Universal dos Direitos do Homem, e a Associação Animar, que agrupa uma rede de desenvolvimento local, estabeleceram uma parceria. Cada entidade responsabiliza-se por uma tarefa para que o desafio seja concretizado.

Posteriormente, o painel é serigrafado antecipadamente e o conjunto da obra é preparada pela artista para ser instalada no muro escolhido pela entidade local. Foi assim em todas as cidades por onde já passaram, sendo que Trancoso é a 11ª. «Mas foi a primeira vez que se conseguiram pintar os 50 artigos da Carta», realça Katia de Radiguès, promotora do evento. O painel é composto por 360 azulejos pintados à mão pelos jovens artistas de Trancoso. Os participantes, duas turmas da Escola Profissional (EPT) e outras duas da Secundária (9º e 11º anos), tiveram formação e depois meteram mãos à obra. Entre a tinta azul e os azulejos brancos, a opinião era unânime: «Estamos a adorar», exclamaram em coro duas amigas, Ana Silva e Patrícia Mateus, ambas no 9º ano na Escola Secundária de Trancoso. «Estou a desenhar o Direito de Acesso aos Serviços de Emprego», explica Ana Silva com um pincel na mão e a Carta dos Direitos Fundamentais na outra. «Eu não gosto muito de pintar e agora até passei a gostar um pouco mais», confessa a jovem. Já a colega desenhou a Presunção de Inocência e Direitos de Defesa, que significa que «todas as pessoas se presumem inocentes enquanto não tiver sido legalmente provada a sua culpa», diz de cor Patrícia Mateus.

Entretanto, Cláudia Valério e David Santos, alunos do primeiro ano de Contabilidade da EPT, vieram identificar os seus azulejos já cozidos, pois fizeram-nos em conjunto. «Ajudou-nos a descobrir coisas que desconhecíamos que seríamos capazes de fazer, como pintar ou desenhar», avança Cláudia Valério. «Desenhámos um círculo de cravos com uma pomba no meio, que simboliza o artigo 10º, Liberdade de Pensamento, de Consciência e de Religião», atira David Santos. Até agora foram realizados painéis no Porto, Cascais, Serpa, Tondela, Tomar, Guimarães, Vila Franca de Xira, Belém, Felgueiras, Tavira e Trancoso. No final, Luís Pinto, presidente da direcção técnico-pedagógica da Escola Profissional de Trancoso, fez um balanço «muito positivo», pois a actividade proporcionou a «mobilização e a aproximação» entre escolas da mesma localidade. «Também permitiu à Escola Profissional abrir, mais uma vez, as portas à sociedade», destaca o responsável.

Patrícia Correia

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