Ana Rosa Flor e Diogo Borges, da Escola Secundária de Afonso de Albuquerque (Guarda); Gonçalo Fontes Neves e João Luís Pais, da Escola Quinta das Palmeiras (Covilhã); Maria Fael, da Escola Secundária Campos Melo (Covilhã); e Acil Will, da Escola Básica e Secundária de Mêda; são alunos de 12º ano e todos têm algo em comum: obtiveram nota máxima no exame de Matemática A. Esta é a disciplina com maior taxa de reprovação a nível nacional (15 por cento), mas os seis jovens fintaram-na e fizeram daquela que é considerada um “bicho-de-sete-cabeças” algo «fácil».
À lista de alunos de nota 20 junta-se Joaquim Trindade (Secundária Campos Melo, na Covilhã), que também conseguiu pontuação máxima na prova de Geometria Descritiva. Preparar um exame não é simples, mas todos reconhecem que «é um trabalho feito ao longo do ano». Maria Fael, de 18 anos, foi a exame já com 20 a Matemática, queria ter pelo menos 18,5 valores para não baixar a média e assim que saiu do exame ficou «confiante» de que era possível. O próximo passo é concorrer a Engenharia Física e Tecnológica, uma tarefa facilitada com a nota deste exame. Por sua vez, João Luís Pais, também com 18 anos, quer entrar em Medicina e com média de 19 não duvida que irá conseguir. «Sabia que tinha um bom exame, mas nunca pensei que fosse 20, até porque fiz algumas perguntas um pouco à pressa», confessa. O estudante não quis fazer uma correção do exame e preferiu esperar pela pauta: «Quando cheguei à escola fiquei incrédulo a olhar para a nota, não acreditava que era minha», recorda.
Já Gonçalo Fontes Neves, de 18 anos, não resistiu a fazer a correção em casa e esperava obter pelo menos um 19. O resultado final foi «ainda melhor» e não esconde que ficou «contente». O aluno espera que agora o bom resultado lhe abra as portas para Engenharia Aeroespacial. Na Guarda, Diogo Borges, de 18 anos, somou ao 20 de Matemática A outro 20 a Português, notas que diz serem o resultado de «um trabalho de três anos», embora admita que «não estava à espera, foi muito bom». Medicina perfila-se como sendo a primeira opção, mas Diogo ainda não descarta Gestão e a área das engenharias. O certo é que não está preocupado com a média final, pois teve nota 20 em quase todas as disciplinas, o que lhe garante 19,7 valores e a porta aberta para entrar «em praticamente todos os cursos». Por Medicina passam também os objetivos de Ana Rosa Flor, com 18 anos, que assim que terminou o exame quis ver os critérios de correção e logo soube que dali viria uma «boa nota». No entanto, a guardense revela que «antes do exame não estava tão confiante».
A aluna da Afonso de Albuquerque explica que as suas notas em Matemática costumam ser 17 ou 18 e, por isso, «foi muito melhor do que esperava». O mesmo aconteceu com Acil Will, cujo exame de Matemática A superou todas as expetativas. «Foi uma surpresa. Tinha 18 à disciplina e consegui a nota máxima no exame, mas sabia que tinha corrido bem», refere a aluna da Mêda. A área da Genética e da investigação são as que mais a cativam e por isso a sua escolha vai passar por Engenharia Biológica. Para Joaquim Trindade o 20 a Geometria Descritiva não foi surpresa: «Já estava à espera depois de fazer a correção do exame», adianta o covilhanense, que ainda frequenta o 11º ano e para já não tem que decidir qual será a sua opção no ensino superior. Contudo, Design de Moda é «uma forte possibilidade», revela, afirmando que «gosta de ter um bom trabalho» e vai continuar sempre a dar «o melhor» de si, independentemente das escolhas futuras.
Catorze alunos com 20 valores
Em todos os casos há muitas horas dedicadas ao estudo e todos eles confessam que, por vezes, eram os próprios familiares que lhes pediam para parar de estudar. Embora fossem rigorosos com as responsabilidades da escola, e por isso excelentes alunos, estes jovens sempre recusaram dedicar-se em exclusivo ao estudo. Todos eles completaram o seu currículo com atividades extracurriculares, como música, desporto ou teatro. No caso de Ana «a música funcionou como um escape», enquanto Maria lembra que, «por vezes, existe alguma pressão, dentro e fora da escola, porque se habituaram a que atingíssemos um certo patamar e a possibilidade de participar noutras atividades ajuda-nos a libertar». Gonçalo reconhece mesmo que é importante «existir um certo distanciamento» e ter outras atividades para além do estudo «permite uma aplicação prática daquilo que aprendemos». É «uma forma de desenvolver outras competências e libertar o stressa da escola», completa João Luís.
Quanto aos futuros desafios que o meio universitário lhes vai propor todos dizem não os temer. Pelo contrário, estar entre os melhores «pode aumentar a competitividade, o que é bom e vai incentivar a que o trabalho continue», considera João Luís, mas Diogo salienta que «devemos ser os rivais de nós próprios e superar-nos deve ser o objetivo». Ao que O INTERIOR apurou nas diferentes escolas, este ano houve 14 alunos que obtiveram 20 nos exames nacionais de Matemática, Geometria, Português e Físico-Química.
Ana Eugénia Inácio