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José Inês Louro: Percurso de um autodidacta inédito

Data de nascimento: 30 de Julho de 1905

1905-1923 – “Vivência no mundo rural”. Pastor – Sapateiro – Músico, entre outras actividades de lazer

1923 – Apenas com o exame da 4ª classe e com alguns parcos recursos parte para a cidade do Porto, dando início à sua vida académica, como autodidacta.

1923 – 1927 – Em apenas quatro anos faz os exames indispensáveis ao curso liceal, nas suas diversas vertentes, e ingressa na Faculdade de Medicina em 1927, terminando o curso em 1934.

Não era aluno de sebenta! Estuda, livremente, os conceitos referentes às diversas vertentes “curriculares” do curso, directamente, nos antigos e consagrados autores da antiguidade!… […] Em 1934 regressa ao Porto, não para exercer “clínica” mas para se iniciar e dedicar à sua grande paixão – o estudo da nossa Língua […].

Se como “clínico” não saiu da vulgaridade, nesta nova actividade – a Filologia – atingiu uma notabilidade invulgar, reconhecida pelos grandes “Mestres” da época […]. Inicia-se na escrita com a publicação […] em 1935 de um artigo intitulado “Limitação na Frequência de Cursos do Ensino Superior”, cujo original me ofereceu e guardo como recordação preciosa. Em 1938 aparece com a publicação de um novo artigo na revista “Pensamento”. E o seu labor continua activo e a sua competência vai-se tornando conhecida […]. Foi o inteiro responsável pela fixação etimológica de todos os vocábulos que, da segunda edição à quinta inclusive, figuraram no Dicionário da Língua Portuguesa da colecção “Editora”. Mas será necessário que ninguém se esqueça ainda do autor de “O Grego Aplicado à Linguagem Científica […]. Em 30 de Março de 1969 viria a falecer […]. Convivi com Ele, durante anos, no Porto e em férias no nosso Arcozelo […]. Surpreendido fiquei quando, em 1975, recebo uma carta do meu colega e comum amigo – António Nunes da Silva –, […] que me dizia: “Quando estive em Portugal abordei, junto dos familiares do inditoso amigo comum Dr. Inez Louro, a ideia de lhe prestar uma homenagem póstuma e de criar aí em Arcozelo um pequeno museu […]. Tal museu e tal homenagem poderiam constituir o embrião duma embora modesta Fundação para cuja manutenção poderiam concorrer emigrantes de toda essa zona serrana […]”. Perante o conteúdo desta carta, consultei o meu baú de antiguidades […]. Algumas figuras ilustres do mundo literário têm aderido ao projecto que consiste em perpetuar a memória de um dos nossos mais consagrados cultores da nossa “Língua” – José Inês Louro.

Filipe Mendes, Rio Torto, Gouveia

Sobre o autor

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