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José Ambrósio acusa poder local de «pouco ou nada ter feito» no caso Delphi

Dirigente do STIMM, que abandonou ontem o cargo na estrutura sindical, interveio na última Assembleia Municipal

José Ambrósio foi à Assembleia Municipal (AM) da Guarda, na última terça-feira, acusar o poder local de «pouco ou nada ter feito» para defender os 500 postos de trabalho de que a Delphi vai prescindir até ao primeiro trimestre do próximo ano. «Tendo conhecimento dos despedimentos desde 2008, que medidas urgentes foram tomadas pela Câmara?», interrogou o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas (STIMM), numa intervenção feita na qualidade de munícipe.

A ida à AM surgiu na véspera da saída dos primeiros 300 trabalhadores dispensados na fábrica da Guarda, que coincide com o seu último dia à frente do sindicato. José Ambrósio lamentou que a maioria dos despedidos sejam mulheres e com mais de 40 anos de idade, prevendo que tenham «muitas dificuldades» em encontrar novo emprego. «Foi com agrado e esperança que ouvi o presidente da Câmara dizer-me que existem 15 empresas previstas para a PLIE, pena é que só seja daqui a dois anos», lamentou. No lote dos que «nada ou pouco fizeram», José Ambrósio incluiu «aquele a que apelidaram de “pára-quedista”», numa clara alusão a Francisco Assis. O sindicalista disse ainda que quis reunir recentemente com Joaquim Valente e o Governador Civil da Guarda, em simultâneo, mas só Santinho Pacheco acedeu. «Para se conseguir uma reunião com o presidente da Câmara é uma eternidade», criticou. «Fiz o que pude e o que sabia», respondeu o visado, que lembrou ter havido uma reunião «há relativamente pouco tempo», além de haver «mais sindicatos».

Os despedimentos da Delphi foram, de resto, um dos temas em destaque no período antes da ordem do dia, com todos os partidos a lamentarem a actual situação da fábrica – a excepção veio do CDS, que não se ouviu nesta sessão. Sobre o assunto, foi ainda aprovada por unanimidade uma moção apresentada por Aires Diniz (CDU), que recomenda à Câmara e Juntas de Freguesia que contratem algumas destas pessoas para trabalhos, «como a reparação de caminhos, ou para funções a desempenhar em equipamentos de gestão autárquica».

PSD, BE e CDU contra orçamento

Outro assunto em destaque foram os documentos previsionais para 2010 da Câmara, bem como o mapa de pessoal da autarquia. As Grandes Opções do Plano e o Orçamento da autarquia, com uma dotação financeira de 97 milhões de euros, foram os que geraram mais contestação, tendo sido aprovados por maioria com os votos contra do PSD, BE, CDU e a abstenção do CDS. O social-democrata Pedro Nobre considerou tratar-se de «mais do mesmo», lembrando as baixas taxas de execução dos anteriores planos. Pelas suas contas, «a despesa irá representar o dobro da receita», pelo que se estará perante «um orçamento empolado». Já Aires Diniz (CDU) disse que os números são «pouco credíveis» e que a Câmara «não tem linhas estratégicas». As críticas também vieram do BE, com Jorge Noutel a lamentar que não estejam incluídos investimentos como a cobertura na totalidade do abastecimento de água no concelho, saneamento, redes viárias, entre outros. O socialista Nuno Almeida considerou, por sua vez, que o que há é «investimento, fundamentalmente, na área social e económica», enquanto Joaquim Valente explicou que os documentos «são de continuidade» em relação ao anterior mandato e rejeitou as críticas da oposição, alegando haver «um claro sinal no sentido da diminuição do desequilíbrio financeiro» – uma conclusão que consta do relatório da Inspecção-Geral de Finanças (IGF) ao município, relativo aos anos de 2005, 2006 e 2007. Este relatório foi apresentado aos deputados, tendo merecido palavras de preocupação por parte do PSD, BE e CDU.

Estratégia para o canil passa pela Maúnça

Joaquim Valente anunciou na AM que a Câmara está empenhada em melhorar as condições do canil municipal. Além da colaboração com a associação A Casota, o autarca disse que está «em marcha um projecto em termos de ordenamento do espaço» e ainda a criação de uma unidade na Quinta da Maúnça para acolher os animais em condições de serem adoptados. «É um acréscimo ao nível pedagógico para a Quinta da Maúnça», acrescentou.

Valente atribui caos de quarta-feira à GNR

O presidente da Câmara atribuiu responsabilidades ao destacamento de trânsito da GNR pelo caos que se instalou na passada quarta-feira na cidade devido ao gelo. Os problemas de circulação deveram-se à «decisão absurda» de reter na Guarda o trânsito, nomeadamente de pesados, na sequência do corte da A25 até ao nó de Pinhel, disse, acusando a GNR e o CDOS de não terem dado conhecimento da solução à Protecção Civil Municipal. «Não pensem que a Câmara é o elo mais fraco deste processo», avisou, anunciando que um relatório sobre o sucedido será dado a conhecer «aos superiores hierárquicos dessas entidades».

A situação da Delphi esteve em destaque na sessão de terça-feira

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        nada ter feito» no caso Delphi

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