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Jorge Barata diz-se surpreendido com recandidatura de Santos Silva

Candidato entende que deveria ter havido um processo de eleição em 2007 e fala mesmo em «situação rocambolesca»

O concurso público para a selecção do próximo reitor da Universidade da Beira Interior (UBI) centra-se hoje e amanhã nas audições públicas dos candidatos, com a eleição a estar prevista para 6 de Abril. O INTERIOR ouviu os quatro candidatos na recta final deste processo. A aposta numa cultura de qualidade e o reforço da investigação são aspectos partilhados pelos quatro catedráticos, numa altura em que a aplicação do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) se assume como um desafio.

Para Jorge Barata, professor do Departamento Aeroespacial, a grande surpresa neste processo está na recandidatura de Santos Silva. Ao lembrar que o actual reitor anunciou, numa reunião de Senado, que só tentaria um quarto mandato no caso de não aparecerem candidatos, Jorge Barata não poupa críticas ao opositor. O também director do Observatório da Ciência e do Ensino Superior considera «incompreensível» que não tenham decorrido eleições em 2007, à luz da legislação que então vigorava. E sustenta que a entrada em vigor do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) não pode justificar o alegado incumprimento. «Deixou-se de cumprir a lei que vigorava em 2007 porque se estava à espera da aprovação dos novos estatutos de 2008, o que é algo de terceiro-mundista», refere, falando mesmo em «situação rocambolesca». Quanto ao plano de acção, aponta sobretudo para a adopção das normas e princípios orientadores da ENQA – European Association for Quality Assurance in Highter Education.

«Temos de nos preparar com antecedência para a avaliação ao nível da qualidade que aí vem e que se vai reflectir num “ranking” nacional e até europeu», explica o candidato, que vai defender o seu programa em audição pública esta tarde. A grande meta, revela, está no posicionamento da UBI naquele “ranking” acima dos cinco últimos lugares. No caso de vir a ser eleito, convidará João Queiroz e António Fidalgo para vice-reitores, revela.

António Fidalgo quer «um novo patamar de qualidade»

Além de Jorge Barata, também António Fidalgo será ouvido hoje. O presidente da Faculdade de Artes e Letras propõe «um novo patamar de qualidade académica», com uma universidade que «paute a sua acção pelos mais elevados critérios».

A aposta em pós-graduações nos segundo e terceiro ciclos, a reorganização dos Serviços Académicos, o fortalecimento da identidade da UBI e a dinamização do futuro Instituto Coordenador de Investigação, que surge no contexto do RJIES, são alguns dos aspectos fundamentais para António Fidalgo. No entender deste candidato, tem de haver uma forte aposta naquelas que são as áreas científicas nucleares, como a Física e a Matemática – cursos que a instituição perdeu por escassez de candidatos -, sob pena de passarem a ser licenciaturas exclusivas de universidades de maior dimensão. Defende, por isso, que o futuro reitor «deverá fazer tudo para que os cursos das ciências fundamentais sejam leccionados na UBI». Caso venha a ser eleito, a contratação de um administrador, a elaboração dos regulamentos que concretizem os novos estatutos e a implementação do Instituto Coordenador de Investigação, que surge no contexto do RJIES, serão as acções a aplicar no imediato.

Gabinete de Qualidade é prioridade para Queiroz

Amanhã começará por ser ouvido João Queiroz – que entretanto abandonou o cargo de vice-reitor por entender que «não seria ético» continuar a assumir a função no contexto da sua candidatura. O presidente da Faculdade de Ciências da Saúde também elege a contratação do administrador e a implementação do Instituto Coordenação da Investigação como «acções urgentes» a executar, sendo que centra grande parte do seu programa nas orientações resultantes de uma avaliação realizada pela European University Association (EUA). O relatório, entregue à UBI no mês passado, é, de resto, o ponto de partida de todo o seu programa. João Queiroz considera que a universidade deve começar por criar o seu Gabinete de Qualidade, em resposta às exigências da ENQA, coordenado por um professor com experiência em processos de monitorização de qualidade. E propõe também a criação daquilo que denomina de Gabinete de Ensino: «Trata-se da face operacional do Gabinete de Qualidade na vertente de ensino», refere.

O INTERIOR também quis ouvir Santos Silva, que se recandidata a um quarto mandato, mas o actual reitor declinou a solicitação por entender que, continuando em exercício, apenas deve falar da sua candidatura na audição pública. O INTERIOR realizou entrevistas aos candidatos João Queiroz e António Fidalgo, publicadas em edições de Fevereiro, não tendo chegado a ouvir Jorge Barata e Santos Silva, visto que estes apresentaram as suas candidaturas tardiamente em relação aos primeiros.

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