Arquivo

Jogos Matemáticos

Porquê jogar…

Se questionarmos a maior parte dos nossos amigos, acerca do que representa para eles jogar, quase de certeza que estes irão referir que jogar… é brincar, que quando jogamos brincamos. Não vamos especular entre o que é jogar e o que é brincar, se ao brincar jogamos ou se pelo contrário ao jogar estamos por vezes a brincar. No entanto sabemos que ambas as atividades são de extrema importância para um crescimento saudável das crianças e jovens e também contribuem para o desenvolvimento dos adultos em sociedade. Esta é um pouco a opinião do senso comum, jogar é uma atividade estimulante e prazerosa.

De acordo com os diversos currículos, desde as orientações do ensino Pré-Escolar, passando pelos programas e metas de aprendizagem do Ensino Básico, estes referem que os professores têm a responsabilidade de criar um ambiente que proporcione às crianças oportunidades para se expressarem, explorando ao mesmo tempo diversos conceitos. Essas explorações tornam-se mais interessantes quando são realizadas com a ajuda de jogos. Efetuando comparações, verificando semelhanças e diferenças entre objetos criam-se condições para que estas cheguem a generalizações, e por inerência à construção mais ampla de definições. Estas definições podem e devem ser, muitas das vezes, sobre matemática.

Ao jogarem, seja em ambiente de sala de aula, em casa com os pais, ou noutro local com amigos, as crianças inconscientemente precisam de pensar, desenvolver o raciocínio, fazer planos, colocar perguntas, pondo em ação os princípios de George Polya (matemático húngaro, 1888-1985). Este famoso matemático passou muito tempo para sintetizar e caracterizar os métodos que nós usamos na maioria das vezes para resolver um problema. São as chamadas heurísticas, que descrevem as diferentes fases na resolução de um problema.

Como tal esta capacidade de resolução de problemas, dividida por diversas fases, deve ser estimulada e desenvolvida, bem como a própria sociabilização que está inerente à maioria dos jogos. Os jogos têm assim um papel deveras importante, deveremos proporcionar às crianças, desde muito cedo, a oportunidade de jogar. As aptidões necessárias e as habilidades para se tornarem bons resolvedores de problemas fazem parte de um bom jogo de tabuleiro. O qual senta em redor de uma mesa várias maneiras de pensar, diferentes estratégias. Claro que dependendo também de uma boa escolha do jogo a jogar, o jogador, seja criança ou adulto, é forçado a adotar posturas adequadas a cada situação. Cada jogo é sempre diferente do anterior!

A estrutura associada às heurísticas de Polya, fazer um plano, analisar o plano, aplicar o plano e ver se a solução encontrada se coaduna ao que se esperava inicialmente, são alicerçadas continuamente ao jogarmos jogos. Assim o ato de jogar, e consequentemente delinearmos na nossa cabeça planos a uma velocidade muito grande, estimula o raciocínio Matemático. Afinal a Matemática está lá, pode passar despercebida, mas em cada jogo, em cada jogada, somos sempre colocados à prova a desenvolver no nosso inconsciente cálculos estruturados de uma grande complexidade.

Pedro Tadeu

PhD Science and Technology specialization Didactical Mathematics

Escola Superior de Educação Comunicação e Desporto – Guarda

Responsável pela atividade da ADoT – Jogos Matemáticos

Sobre o autor

Leave a Reply