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Joaquim Valente leva Ana Manso a tribunal

Candidata do PSD acusou cabeça de lista socialista de ter «deixado disparar» o custo final da obra dos Paços do Concelho da Guarda para ter uma percentagem maior

Ana Manso não retira «uma vírgula» ao que disse na entrevista publicada n’ “O Interior”, quando acusou Joaquim Valente de, enquanto fiscal responsável pela construção do novo edifício dos Paços do Concelho da Guarda, ter «deixado disparar» o custo final da obra para ter direito a uma percentagem maior. «A empreitada foi adjudicada por 800 mil contos e terminou em dois milhões. Ele, que tinha direito a percentagem, em vez de receber 15 mil contos, deixou disparar a obra e recebeu 50 mil», denunciou. A acusação caiu que nem uma bomba no seio da comitiva socialista e já levou o candidato a interpor uma acção judicial por difamação.

«Aquilo que diz é uma pura mentira», responde Joaquim Valente, garantindo que a cabeça de lista do PSD vai «ter que provar o que disse». O socialista começa por dizer que não era o «gestor da obra», mas apenas fiscalizava o seu andamento, pelo que as alterações introduzidas foram «sempre da responsabilidade do dono da empreitada», a Câmara de então. «Limitei-me a conferir na obra o que era feito, de acordo com a vontade do dono e do arquitecto João Paciência. Nada tive a ver com o aumento de custos da execução», defende-se. O candidato refere mesmo que uma inspecção posterior do Tribunal de Contas concluiu pela «normalidade dos procedimentos» e garante que Ana Manso não sabe do que está a falar, uma vez que o valor final da empreitada foi «cerca de um milhão de contos» e não os dois milhões referidos na entrevista. É com estas contradições na mão, e bem documentado, que o engenheiro quer esclarecer o assunto. «Mas no tribunal, porque esta já não é uma questão política, mas sim pessoal e judicial. Infelizmente, a minha adversária actua de má fé para me prejudicar», acusa.

Ana Manso diz-se «bem preparada» para ir a tribunal, «de outro modo não teria feito uma acusação tão grave», insiste, recusando, no entanto, adiantar mais pormenores sobre o assunto. «Pelos vistos, vamos ter outras oportunidades, o que é bom pois os guardenses vão ficar esclarecidos», acrescentou. As acusações também não caíram em saco roto nas restantes candidaturas à Câmara. Joaquim Canotilho, candidato do CDS-PP, quer ver o assunto esclarecido «o mais rapidamente possível, porque se trata, muito provavelmente do futuro presidente de Câmara». No entanto, o engenheiro, também ameaçado com um processo judicial por causa da actividade profissional de Joaquim Valente, estranha que só agora a cabeça de lista do PSD tenha falado no assunto. «Se já sabia o que se passou nessa obra, devia tê-lo denunciado há mais tempo e nas entidades competentes. O que não fez, pelos vistos», constata. Para Jorge Noutel, do Bloco de Esquerda, são suspeitas como esta que tornam necessária uma auditoria às contas do município. «Vamos conhecer o que a Câmara fez, aquilo que gastou e aonde. E isso tem que ser apurado. Não estamos a dizer que A, B ou C esteve por detrás de determinado tipo de negócios. Se eventualmente alguém tem culpa, essa pessoa tem que ser responsabilizada e uma auditoria vai-nos dizer isso». Não foi possível obter, em tempo útil, um comentário de Aires Dinis e Eduardo Espírito Santo.

Luis Martins

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