O Papa Francisco fez santos, esta manhã, na Praça de São Pedro, os Papas João XXIII e João Paulo II, diante uma cerca de um milhão de fiéis de todo o mundo.
Depois do chefe da Igreja Católica ter recitado a fórmula em latim para a santificação dos dois papas do século XX, a multidão aplaudiu entusiasticamente, ao mesmo tempo que os sinos tocavam em todas as igrejas de Roma. A cerimónia começou com a oração das laudes, com a presença de Francisco e de Bento XVI, o Papa Emérito. Foi um momento inédito nos 2000 anos de História da Igreja, esta dupla canonização na presença de dois papas.
Depois, o cardeal Angelo Amato, perfeito para a Causa dos Santos – a instituição da Santa Sé responsável pelos processos de beatificação e canonização –, fez três perguntas a Francisco, tal como está previsto na liturgia para estes dias. «Santo Padre, a Santa Igreja confiante nas promessas do Senhor de enviar o Seu espírito de verdade, que em todas as épocas a preservou do errou do magistério supremo, com força implora a Vossa Santidade que gentilmente inclua estes filhos eleitos no catálogo dos santos», disse o consagrado.
Ao que o Sumo Pontífice respondeu com a fórmula longa, em latim, para a canonização do Papa polaco, Karol Wotjila – que esteve à frente dos destinos da Igreja entre 1978 e 2005 –, e do italiano Angelo Giuseppe Roncalli com um pontificado bem mais curto, de 1958 a 1963, mas que foi responsável pelo Concílio Vaticano II.
«Declaramos e determinamos santos os abençoados João XXIII e João Paulo II, e inscrevemo-los no catálogo dos santos e estabelecemos que em toda a Igreja eles sejam devotamente honrados entre os santos», disse Francisco que disse as palavras em latim debaixo dos retratos de Angelo Roncalli e Karol Wojtyla, que estavam na fachada da Basílica de São Pedro.
Na missa, durante uma homília curta, Francisco fez referência a «dois homens corajosos». «Padres, bispos, Papas do século XX, eles conheceram a tragédia, mas não vacilaram. Neles, Deus foi mais forte. Neles, a misericórdia de Deus era maior», disse, acrescentando que eram dois homens «contemplativos das feridas de Cristo e testemunhas da Sua misericórdia». Por isso, mantiveram «viva a esperança com uma alegria indizível e gloriosa».
Sobre o Papa polaco, Francisco defendeu que este era um «Papa da família». Aliás, foi Wotjila que o disse, um dia, que queria ser recordado como o «Papa da família», lembrou, acrescentando que a Igreja está, actualmente, a preparar sínodos com os bispos e com as comunidades, cujo tema é a família, para este ano e para o próximo.
O Papa Bergoglio evocou ainda «a primeira comunidade de crentes de Jerusalém», aquela que «vivia o essencial do Evangelho, ou seja, no amor, na misercórdia, na simplicidade e na fraternidade». Para ele, os dois Papas agora canonizados ajudaram a «restaurar e actualizar a Igreja segundo as suas origens», nomeadamente com o Concílio Vaticano II, convocado por João XXIII e que se realizou entre 1962 e 1965.
Quando propôs o Concílio, o Papa italiano mostrou uma «delicada docilidade ao Espírito Santo, deixando-se conduzir por Ele e foi, para a Igreja, um pastor, um guia. Esse foi um grande serviço que prestou à Igreja», concluiu.