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Jesus Cristo não nasceu a 25 de dezembro

Bento XVI sustenta em livro que calendário cristão é baseado em erro de cálculo

O último livro da trilogia “Jesus de Nazaré – A infância de Jesus”, recentemente editado pelo Papa Bento XVI, acaba com algumas certezas tidas até aqui como incontornáveis sobre o Natal e o nascimento do Menino Jesus. A começar pela data.

É que o Sumo Pontífice considera que há um erro sobre o ano de nascimento de Jesus Cristo, a partir do qual se deu início ao calendário cristão. E encontrou mesmo o autor de tal lapso no século VI. «O cálculo usado para o princípio do nosso calendário – baseado no nascimento de Jesus – foi efetuado por Dionysius Exiguus [Dionísio, o Pequeno, em português], que se enganou nas suas estimativas em alguns anos», refere o Papa no seu novo livro, dedicado aos primeiros anos da vida de Jesus. De facto, a Bíblia não refere uma data específica para o seu nascimento e o dito monge – nascido na Europa do Leste – parece ter baseado as estimativas nas referências vagas quanto à idade com que Jesus começou a pregar e ao facto de ter sido batizado durante o tempo do Imperador Tibério. Contudo, diversos académicos defendem que Jesus terá nascido provavelmente entre o ano 6 e o 4 a.C., contrariando o Evangelho de São Lucas. Com este livro, Bento XVI pretende contribuir para corrigir esta e outras imprecisões e interpretações erradas de factos, locais e datas. De resto, a noção de que Cristo teria nascido a 25 de dezembro terá mais a ver com o solstício de Inverno e celebrações pagãs.

Mas o antigo cardeal Joseph Ratzinger vai mais longe na controvérsia e contesta também a existência de animais (burro e vaca) na cena bíblica do nascimento de Jesus, conforme é habitualmente reproduzida nos presépios de Natal. Neste livro de 147 páginas, editado em Portugal pela Princípia, o Papa reafirma a virgindade de Maria como uma verdade «inequívoca» da fé e revela que os três Reis Magos não vieram do Oriente, mas de uma região entre Huelva, Cádis e Sevilha, na atual Andaluzia. «A promessa contida nestes textos estende a proveniência destes homens até ao extremo Ocidente (Tarsis, Tartessos em Espanha), mas a tradição desenvolveu posteriormente este anúncio da universalidade aos reinos de que eram soberanos, como reis dos três continentes então conhecidos: África, Ásia e Europa», lê-se no livro, citado pelos jornais espanhóis. Nesta interpretação da origem de Baltazar, Gaspar e Belchior, o bispo de Roma baseou-se no evangelho de Mateus e nos textos do profeta Isaías. “Jesus de Nazaré – A infância de Jesus” foi editado em nove línguas em 50 países. A primeira edição conta com um milhão de exemplares. Os dois primeiros livros da trilogia foram publicados em 2007 e 2011.

Papa contesta a existência de animais na cena bíblica do nascimento

Jesus Cristo não nasceu a 25 de dezembro

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