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«Já estamos a pensar numa longa-metragem sobre a vida académica da Covilhã»

Cara a Cara – Entrevista

P – Alguma vez imaginou ter tamanho sucesso com apenas 26 anos?

R- De modo algum, embora este seja um sucesso relativo porque é apenas uma curta-metragem. Embora tenha tido, de facto, bastante êxito, só o poderei afirmar verdadeiramente quando fizer uma longa-metragem e der dinheiro, por exemplo. Mas sempre lutei para chegar a este ponto. Quando começámos este filme, o nosso objectivo era sermos seleccionados para Cannes, um festival a que concorrem todas as escolas de cinema da Europa. Posteriormente, foram surgindo outras oportunidades, como a exibição nos cinemas e a edição pela FNAC, mas nunca imaginámos sequer que o filme fosse passado para película.

P – Descreveu “Rupofobia” como o seu trabalho mais profissional. Está preparado para uma longa-metragem?

R- Já estamos a pensar nisso e começámos a escrever algumas ideias. Depois destes trabalhos, sinto-me naturalmente mais à vontade do que há algum tempo atrás, porque consigo passar para a imagem aquilo que quero dizer. De resto, o cinema não é só passar imagens, é fundamentalmente saber passar sentimentos.

P -“Rupofobia” teve ante-estreia nacional no passado 13 de Setembro. Estava à espera da receptividade que encontrou?

R- A ante-estreia correu excepcionalmente bem por muitos motivos. Estiveram presentes pessoas muito importantes para mim e a quem eu devo bastante, como o professor Mário Raposo, o director do curso de Cinema e o director de Design Multimédia da UBI. Para além disso, assistiram perto de 600 pessoas, que reagiram muito bem ao filme: soltaram grandes gargalhadas, aplaudiram de forma efusiva e eu senti, plenamente, que o público gostou. Foi extremamente gratificante.

P – Nos próximos tempos, o filme estará em dois festivais de cinema, um deles em França. Quais as suas expectativas?

R – Concorremos para quatro festivais, mas ainda só saíram os resultados destes dois. “Rupofobia” vai estar em competição no Ovarvídeo, o melhor festival nacional de curtas-metragens. Foram seleccionados 28 filmes apenas dos 147 inscritos e só isso já é gratificante. O outro festival decorre em Montpellier, que talvez seja o terceiro melhor de França a seguir a Cannes e Clermont Ferrand. É um acontecimento gigante. Normalmente, não costumo ter grandes expectativas neste tipo de eventos, porque participar já é muito bom. Mas claro que se conseguir algum prémio, tanto melhor!

P – É comum falar-se das dificuldades inerentes ao cinema. Partilha desta visão negativista do panorama da Sétima Arte no nosso país?

R – É um tipo de arte muito dispendioso. Alugar uma câmara, por exemplo, pode custar 150 contos por dia. Eu não sinto tantas dificuldades, porque tenho acesso aos materiais de forma gratuita, através Cybercentro da Covilhã e da UBI. Nós apresentámos um projecto válido, credível e sustentado, que por isso foi apoiado. Também acredito que muita gente se acomoda e fica à espera dos subsídios e que lhe venham bater à porta para fazer um filme.

P – Estuda Design Multimédia na UBI. Pretende fazer das lides cinematográficas um mero “hobby”, ou pensa dedicar-se inteiramente ao cinema?

R – Tudo dependerá naturalmente do seguimento das coisas e da própria evolução do cinema português nos próximos anos. Para além do cinema, gosto muito da área do design multimédia e também trabalho nisso. Acredito, por outro lado, que o curso constitui sempre uma segurança. Se as andanças pelo cinema continuarem a correr de forma positiva e eu conseguir sobreviver às custas dos meus filmes, tanto melhor. Caso contrário, terei que me dedicar ao multimédia e juntar dinheiro para continuar a trabalhar em cinema.

P – Ainda existem mais projectos para esta “Rupofobia” ou já pensa em lançar-se num novo trabalho?

R – Quando termino um projecto, sinto imediatamente necessidade de começar um trabalho novo. Além do mais, não há muito mais para fazer em relação a este filme. Agora, a aposta passará pelos festivais de cinema. Poderei ainda conseguir vendê-lo para uma televisão e pouco mais. Pelo que estamos a começar a escrever uma longa-metragem, que irá de encontro ao ambiente universitário da Covilhã. Em princípio, a longa-metragem poderá chamar-se “Memórias de um Estudante” e irá retratar as peripécias académicas de um estudante. Posso adiantar ainda que grande parte da história será gravada na Covilhã.

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