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Ir à luta…

Editorial

Na sequência da notícia do “Correio da Manhã”, que assegurava que Ana Manso seria demitida em breve, a presidente da ULS Guarda pediu audiência ao ministro da Saúde solicitando o melhor esclarecimento sobre o assunto (foi recebida três dias depois da publicação da notícia). Porventura, ganhou mesmo alguns pontos ao ter a oportunidade de discutir frontalmente com Paulo Macedo o futuro do hospital da Guarda e da Saúde no distrito. Ana Manso teve, finalmente, oportunidade de explicar ao mais alto nível o estado das obras, da aquisição de equipamento para o novo pavilhão e do funcionamento do Hospital Sousa Martins. Ou seja, como aqui comentei, a líder da ULS Guarda, depois de meses de dúvidas, fez «das fraquezas forças» e foi à procura de informação. Não terá recebido muita, nem sequer recebeu informação sobre o desbloquear dos meios financeiros para dar continuidade à requalificação do hospital – que era o mais importante. Ainda assim, a especulação, notícias e comentários sobre a sua destituição permitiram-lhe ganhar algum protagonismo junto do ministério. E Ana Manso fez bem em pedir audiência ao Ministro da Saúde – procurando esclarecimento sobre a presidência da ULS e sobre as circunstâncias da suspensão da segunda fase das obras (ao que o ministro terá respondido que estava a ser analisado o dossier e que se aguarda a reprogramação do QREN para conseguir financiamento).

O que não se entende é por que motivo só quando o lugar de Ana Manso foi publicamente posto em causa é que esta se sentiu na necessidade de pedir uma audiência ao ministro. O que não se entende é por que motivo, depois de meses de obras suspensas e de meses de dúvidas sobre o financiamento, só agora Ana Manso foi à procura de esclarecimentos e defendeu, supõe-se, o hospital da Guarda. E por que é que só agora considerou oportuno e conveniente reivindicar meios para a execução das obras e para equipar o hospital. Foi pena que só agora tenha ido à luta… pelo seu próprio lugar, mas ainda bem que o fez, pois pode ter alcançado ou dado rapidez à resolução do problema do Sousa Martins.

Paulo Macedo terá assumido perante o CA da ULS da Guarda que irá procurar uma reafectação de fundos do QREN para o Hospital. É estranho que só agora se mostre disponível para o fazer. É estranho que depois de tantos meses de imobilidade e discussão, na Guarda, sobre a paralisação das obras, só agora o ministro da Saúde pretenda encontrar uma solução. Será que os diversos intérpretes políticos não lhe foram dando conta da situação (a própria presidente do CA da ULS, Ana Manso, os deputados eleitos pelo distrito à Assembleia da República, o presidente da distrital do PSD, Júlio Sarmento, e outro dirigentes políticos com responsabilidades e a obrigação interrogarem e informarem)? Ou será que o Governo desconhece o que se passa no país?

Entretanto, e com a mesma descrição com que chegou, Francisco Manso, o marido, que depois de ter sido nomeado e demitido de auditor, e que tinha sido destacado posteriormente para a Comissão de Acompanhamento das obras do Hospital da Guarda, vai regressar ao seu lugar na Unidade Local de Saúde de Castelo Branco. Obviamente, o lugar não se podia manter, até por não haver obras há meses, mas só agora, após a polémica da putativa demissão, isso foi notado e Francisco Manso regressa ao seu lugar. Uma imposição ou uma forma de evitar mais polémicas? Nos próximos meses se verá do sucesso desta «ida a Lisboa». Até lá, Ana Manso irá continuar a gerir politicamente a sua própria conservação à frente da ULS.

Luis Baptista-Martins

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