O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) está a implementar planos extraordinários de regularização de propinas em atraso para auxiliar os alunos que se deparam com dificuldades financeiras e não conseguem cumprir os prazos. O problema afecta cinco por cento dos estudantes, o que corresponde a 165 de um universo de 3.300.
«São os efeitos da crise e esta é uma situação que, infelizmente, tem vindo a agravar-se nos últimos anos, nomeadamente desde o ano passado», lamenta Jorge Mendes, sem precisar o montante que a instituição guardense tem a receber. No IPG existem cerca de mil alunos bolseiros. A situação dos que estão em dificuldades é «analisada caso a caso» e são definidos planos de pagamento com cada um deles, de forma «a que possam regularizar esse incumprimento» sem que a matrícula seja colocada em causa, explica o presidente cessante do IPG. «Em vez de um aluno fazer o pagamento das três prestações do ano lectivo, é dada a possibilidade de liquidar uma delas por várias vezes», exemplifica, assegurando que o Politécnico e o seu Serviço de Acção Social «estão atentos e sensibilizados para com quem, por um ou outro motivo, não consegue cumprir os prazos».
Também na Universidade da Beira Interior (UBI) há casos de propinas em atraso. Sem revelar o valor em dívida e nem o número de estudantes nesta situação, o reitor garante que «se notam dificuldades» entre os alunos. «O número de estudantes que não têm as propinas em dia não é muito diferente do do ano passado», diz apenas João Queiroz, explicando que a UBI «não pode facilitar muito, porque está definido que esse dinheiro tem de dar entrada nos cofres da universidade». No entanto, este responsável refere que a instituição está «atenta aos casos extremos». Quando um aluno procura os Serviços de Acção Social, «tenta ajudar-se a encontrar soluções alternativas» fora da instituição, como o recurso a empréstimos bancários para o efeito, esclarece o reitor. Além disso, a universidade tem vindo a distribuir senhas de alimentação aos mais carenciados. Dos 6.600 estudantes da UBI, 2.300 têm bolsa.
De resto, a questão dos atrasos no pagamento de propinas está a ser sentida e analisada um pouco por todo o país, como na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), onde foi implementado um sistema que permite aos bolseiros pagar em 10 prestações, na Universidade do Porto, em que há 3 por cento de estudantes nesta situação e os valores não vão ser cobrados, ou em Lisboa, que faculta aos alunos sem bolsa o recurso ao mecenato.
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Constantino Rei é o novo presidente do Politécnico
Único candidato obteve 22 votos a favor num universo de 31 eleitores no Conselho Geral
Sem surpresas, o Conselho Geral do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) elegeu, na semana passada, o único candidato à presidência da instituição. Constantino Rei, actual vice-presidente, obteve 22 votos a favor, oito brancos e um nulo.
Nesta sessão eleitoral votaram 31 dos 33 elementos que integram aquele órgão em representação de professores, alunos, funcionários e representantes da comunidade. O professor de Economia, antigo director da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, vai presidir ao IPG nos próximos quatro anos, sucedendo a Jorge Mendes. A implementação de um sistema interno de garantia de qualidade é o seu grande projecto do mandato. «Acabou o tempo em que havia candidatos em grande quantidade para todos os cursos, pelo que temos que apostar na qualidade e não na massificação», sublinhou. Constantino Rei pretende igualmente melhorar a formação do corpo docente, área que considera «um dos pontos fracos» do IPG, como forma fazer crescer a investigação, «em particular aquela que se traduz na prestação de serviços de alto valor às empresas, que ainda é claramente insuficiente». O novo presidente, de 48 anos, já garantiu também que as propinas não vão aumentar este ano, uma opção que é «o reconhecimento de que estamos num ano muito complicado para as famílias».