“Interferências literárias de um pintor na Covilhã” é o título da obra de Rodolfo Passaporte apresentada na última quinta-feira, no âmbito das comemorações do 135º aniversário da cidade. O livro, editado pela autarquia, pretende compilar uma série de crónicas publicadas na imprensa regional, em que a arte assume o papel central, desde 1971 até 2004, havendo ainda lugar para textos inéditos.
Rodolfo Passaporte é filho de mãe espanhola e pai português e nasceu em Madrid, em 12 de Junho de 1927. Veio para Portugal em 1939, com o fim da Guerra Civil Espanhola e fez os seus estudos artísticos na Escola de Artes Decorativas António Arroio. Na Escola Superior de Belas Artes licenciou-se em Pintura com 19 valores. Na Covilhã, foi professor durante 23 anos na Escola Secundária Campos Melo e mais tarde no Liceu Frei Heitor Pinto. Paralelamente à sua actividade docente, dedicou-se à pintura, tendo realizado em Lisboa três exposições individuais e várias participações em Salões da Primavera e do Inverno na Sociedade Nacional de Belas Artes, além de outras colectivas. A estátua dedicada ao operário têxtil e o anexo à escultura do Soldado Desconhecido, na Covilhã, são obras da sua autoria. No campo das letras publicou “Viva quem vencer!”, onde descreve as suas memórias da Guerra Civil espanhola, um livro que também ilustrou com aguarelas. A expressão “Interferências literárias” é justificada pelo autor com o facto de ser pintor «e, de tempos a tempos, me expressar através da escrita». Para além disso, é uma obra «dedicada à Covilhã e à Serra da Estrela», acrescenta. O livro e o seu autor foram apresentados por Maria Ascensão Simões, enquanto Carlos Pinto, autarca local, justificou esta edição como sendo uma forma de «deixar às gerações vindouras um conjunto de livros que falam da cidade e das suas gentes, no sentido de deixar pistas sobre aquilo que somos, de onde vimos e para onde queremos ir».