A Inspecção-Geral de Jogos deu um parecer favorável à criação de uma zona de jogo na Serra da Estrela no requerimento apresentado pela Câmara da Covilhã e pela Turistrela, mas a criação do casino necessita ainda da elaboração de um plano integrado para a zona para averiguar em termos económicos a viabilidade do projecto no ponto mais alto de Portugal.
Tal como Carlos Pinto previa quando anunciou a vontade de localizar um casino nas Penhas da Saúde, a Inspecção-Geral de Jogos não colocou qualquer impedimento legal à construção daquele equipamento na zona onde irá nascer o primeiro aldeamento de montanha, pois a região está fora da área de influência das zonas de jogo existentes no país. Das dez zonas de jogo existentes em Portugal (Estoril, Póvoa do Varzim, Espinho, Algarve, Chaves, Figueira da Foz, Tróia, Açores, Funchal e Porto Santo), a mais próxima é a do Estoril com um contrato de concessão que estipula uma área de influência de 300 quilómetros, mas que mesmo assim não coloca entrave para o da Serra da Estrela por esta estar situada a mais de 300 quilómetros de distância. A favor da criação do casino na Serra, abona ainda a grande abrangência geográfica que se estende a Viseu, Guarda, Castelo Branco e Portalegre, e até a algumas regiões da vizinha Espanha, como Salamanca e Cáceres.
O pedido feito ao Governo para a criação de uma zona de jogo nas Penhas da Saúde foi subscrito pela concessionária de turismo da Serra da Estrela, a Turistrela, até porque o casino está integrado no projecto da criação de um aldeamento de montanha que ambas pretendem concretizar nas Penhas da Saúde e que engloba a construção de mais duas unidades hoteleiras – umas nas Penhas da Saúde por iniciativa privada e outra na Varanda dos Carqueijais pela Turistrela –, um pavilhão polivalente, 600 casas de montanha, posto de saúde, posto de GNR, zonas de comércio e de lazer com bares, minimercado e piscinas. Tudo para transformar a Serra da Estrela num destinos turísticos mais procurados por portugueses e espanhóis durante todo o ano. Para além disso, o casino surge ainda como uma fonte de riqueza para o concelho da Covilhã, que tem sido bastante fustigada pelo encerramento de várias unidades têxteis nos últimos tempos. Contactado por “O Interior”, Paulo Ramos, presidente da Turistrela, disse «não ter conhecimento de nada sobre o processo», até porque tem sido tudo encaminhado pela Câmara. Daí que o mesmo não se pronuncie sobre a decisão da Inspecção-Geral de Jogos, enquanto não ler o que diz o relatório desta entidade. O certo é que a Turistrela vê a criação do casino como uma solução «bastante favorável» para impulsionar o turismo na região. Apesar das tentativas, não foi possível contactar o autarca Carlos Pinto até ao fecho desta edição.
Liliana Correia