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Informar para formar

Editorial

1. Num tempo em que as mutações na sociedade de informação são vertiginosas aferimos que foi na comunicação social regional que as pessoas procuraram a informação de confiança sobre as autárquicas. Foram essencialmente a imprensa regional e as rádios locais que marcaram as dinâmicas e a vida pública das candidaturas. E, sendo verdade que todos os candidatos implementaram dinâmicas de comunicação nas redes sociais ou no you tube, a verdade é que, na região, não conseguiram promover um ambiente de interação e participação – mesmo a nível nacional, e salvo raras exceções (em Viseu, por exemplo) a web 2.0 das candidaturas acabou por ser estruturalmente uma forma de mostrar fotografias dos candidatos em campanha, e pouco mais. Assim, estranhamente (ou talvez não) foi, ainda, a imprensa regional a plataforma mais procurada pelos que pretendiam uma informação idónea.

A edição online de “O Interior-Diário da Guarda” atingiu em setembro novo recorde de visitas: 79.604, com 162 mil páginas vistas por 68 mil visitantes. E, no Facebook, a mais popular rede social em Portugal, somos líderes regionais: a página www.facebook.com/ointerior é seguida por milhares de pessoas e é a única nos distritos da Guarda e Castelo Branco com mais de 15 mil “gostos”- e na noite eleitoral fomos o verdadeiro “informador” das ocorrências regionais: praticamente todos os nossos “posts” com resultados eleitorais dos concelhos da região foram vistos por entre 7 e 8 mil pessoas nas horas imediatas ao fecho das urnas (como se pode confirmar em https://www.facebook.com/#!/photo.php?fbid=717886484892845&set=a.214437098571122.69485.198475783500587&type=1&theater). Isto enquanto ganhámos uma nova audiência, a televisiva, entre o meo kanal e ointerior.tv.

2. Na Guarda, como exemplo (e bom exemplo), o jornal O INTERIOR e a rádio ALTITUDE prestaram um excelente serviço à comunidade, a todos os níveis, e que devemos relevar sem preconceitos, pois não é com falsas modéstias que se evolui e se contribui para uma sociedade mais desenvolvida. Durante o período eleitoral, já mesmo na pré-campanha, este jornal melhorou as vendas nas bancas, recuperando muitos leitores que, porventura, nos últimos tempos, entre a crise e a necessidade de economizar, terão deixado de ler jornais – voltaram nas últimas semanas e esperamos que continuem (todas as receitas são importantes para a sobrevivência de uma empresa, mais ainda numa região cada vez mais depauperada e onde fazemos o milagre de resistir com sucesso). Também neste período aumentámos assinaturas entre a administração pública, e em especial entre as autarquias da região – quase fizemos o “pleno” de municípios assinantes, de Freixo de-Espada-à-Cinta a Castelo Branco, de Penamacor a Aguiar da Beira, todas as autarquias pagaram a assinatura de O INTERIOR. Todas menos a da Guarda! A Câmara da Guarda, que é dos municípios que mais dinheiro gasta em propaganda na região Centro, dos boletins à avença de 18 mil euros anuais à Localvisão, não renovou a assinatura (25 euros anuais) por não estarem interessados em «continuar a receber o jornal», através de uma missiva da responsabilidade de uma diretora de serviços que não deve apreciar muito a imprensa, ou este jornal, e ainda menos a liberdade de expressão ou o pluralismo de opinião – talvez ainda esteja presa às explicações bafientas de Adam Smith ou Max Weber sobre o desenvolvimento dos países mais ricos e não tenha aprendido que é na qualidade das instituições, na Democracia, que assentou o progresso dos países, como explicam Daron Acemoglu e James A. Robinson no livro “Porque Falham as Nações”, para quem, precisamente, é na proteção dos direitos dos trabalhadores e da propriedade privada, no incentivar à inovação, na aplicação da justiça, na liberdade de expressão ou no apoio que a administração pública dá (devia dar) «a uma imprensa livre de amarras» que se promove o crescimento económico e «em consequência o desenvolvimento social e cultural de um povo». Nos jornais também se escrevem coisas menos acertadas e até alguns disparates, e por vezes até se comete a improvidência de escrever sobre a forma como se arranjam empregos nas câmaras municipais, e de filhos e enteados, e de noras e afilhadas, enfim, coisas que toda a gente sabe, que se escrevem sobre anonimato por todo o lado, mas que nos jornais valem como verdades e só se podem escrever quando comprovadas, porque o bom senso e a razão são determinantes neste ofício e o crivo dos juízes é apertado. E, enquanto morrem jornais, também se vai matando a Democracia, mas isso também não parece preocupar muita gente, mesmo os que tinham mais obrigação de a defender.

Luis Baptista-Martins

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