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Inéditos em estreia pela primeira vez

Observatório de Ornitorrincos

Este fim-de-semana foi rico em acontecimentos importantes e inéditos. Morreu Arafat (já tinha havido ameaços, mas esta foi mesmo a primeira vez que morreu), Pedro Santana Lopes ganhou um congresso do PSD, Pinilla marcou um golo pelo Sporting e foi experimentada uma nova receita com carne de boi almiscarado, o que provocou mais de trinta casos de depressão em várias cidades canadianas. Estes fins-de-semana preenchidos com notícias desta notoriedade são óptimos para todos os colunistas e comentadores da actualidade, embora Clara Ferreira Alves e Jorge Sampaio se interessem também por estes assuntos de vez em quando, normalmente para demonstrarem a sua indignação e manterem o seu lugar no Top dos Indignados.

A propósito da morte de Arafat, Sampaio (conhecido no seu círculo de amigos por Presidente da República) disse ter perdido um companheiro. Já Clara Ferreira Alves ficou triste em público pela morte do líder árabe, mas logo a seguir ligou em segredo ao seu íntimo amigo Salman Rushdie para comentar o desaparecimento “do sacana do mouro”. Devo avisar o leitor menos atento que muitas vezes o autor destes textos procura compor o estilo com afirmações menos próximas da verdade. Por isso, fica o leitor avisado acerca da falsidade da penúltima frase. Na realidade, Salman Rushdie não faz a mais pequena ideia de quem seja Clara Ferreira Alves, embora ela lhe telefone com regularidade quinzenal. Rushdie tem neste aspecto mais sorte que os leitores da revista do Expresso, com quem a promessa mais adiada da literatura portuguesa “contacta” semanalmente. A propósito, um desconhecido autor maldito da Jordânia, depois de ver lançada contra si uma “fatwah” condenando-o à morte, disse estar muito mais preocupado com a solidariedade dos intelectuais europeus do que com a ameaça mortal dos ayatollahs iranianos.

A escassez ou excesso de assunto tem sido tema de crónicas várias e preenchido muitas folhas de papel impresso. No entanto, a variedade farta de acontecimentos não sugere a multiplicação de neurónios nem a proliferação de ideias, razões simples e que explicam o facto do artigo desta semana ter apenas dois terços do tamanho habitual.

EU VI UM ORNITORRINCO

Delegado ao congresso do PSD

Espécie descendente directa de Ornithorhynchus Carneirus e Ornithorhynchus Cavacus, conviveu com Barrosus, antes destes seres tem emigrado e a evolução os ter transformado em Homos Europus e deposita agora uma grande esperança na espécie híbrida criada em laboratório Ornithorhynchus Lopus Santanus.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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