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Incêndio em Verdelhos destruiu mais de 500 hectares

Falta de limpeza das matas e acessos prejudicaram combate às chamas, que consumiram uma habitação, terrenos agrícolas e área de mata nacional

Durante quase 24 horas um incêndio fustigou a localidade de Verdelhos (Covilhã), na passada quinta-feira. No combate ao fogo estiveram cerca de 450 homens, de várias corporações de bombeiros, apoiados por vários meios aéreos e centenas de veículos. Naquele que já é considerado o maior incêndio da região, a área afetada foi sobretudo mato, cerca de 530 hectares, grande parte dos quais no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE). Mas também arderam zonas de pinhal, terrenos agrícolas e uma casa que se encontrava em fase de construção.

«A falta de limpeza nas matas foi a principal dificuldade, bem como o comportamento dos ventos», explicou o vereador da Câmara da Covilhã, Joaquim Matias, que rejeita as críticas aos bombeiros por parte de alguns populares. «Compreendo a indignação de quem vê perder os seus bens, mas as críticas aos bombeiros são intoleráveis porque trabalharam para salvar os bens de todos», sublinha o responsável, também presidente da direção da Associação Humanitária da Covilhã. A opinião é partilhada por Adelino Tavares, habitante da aldeia, que critica aqueles que culpam os voluntários, pois considera que «as pessoas são descuidadas, não limpam os terrenos em volta das suas próprias casas e o incêndio alastrou facilmente». Sem que nada fizesse prever, as chamas atravessaram o rio e ameaçaram a povoação: «O fogo era de tal maneira violento que mesmo os terrenos limpos não escaparam», exemplificou Joaquim Matias.

Para evitar que situações de falta de limpeza das matas continuem a acontecer «a Câmara da Covilhã tem no terreno uma equipa para sensibilizar a população para essa tarefa», acrescentou o vereador, que avisa que a autarquia já tomou medidas para quem não o fizer e «vai majorar o IMI em 30 por cento a quem não proceda à limpeza dos seus terrenos». Apesar da autarquia descartar culpas na falta de limpeza das matas, Adelino Tavares diz que «não eram apenas os terrenos privados que estavam por limpar, as matas nacionais também estão muito sujas». Este habitante de Verdelhos lembra que no ano passado foi feita uma queimada controlada nalgumas zonas, mas não foi tudo e neste caso «teria ajudado». Sem grandes danos nas suas propriedades, Adelino Tavares refere apenas uma área de pinhal ardida. O mesmo aconteceu a Roger Alves, com terrenos no sítio do Pioso, na Atalaia, outra das zonas afetadas pelo mesmo incêndio.

O jovem conta que ele e os pais viveram «momentos de grande aflição», pois «as chamas eram muito intensas e os acessos não eram fáceis». Nesta zona as estadas estiveram cortadas e existia o perigo que o fogo atravessasse a via. Algumas das críticas aos bombeiros chegaram dos proprietários de uma casa em construção que ardeu, e que segundo o município da Covilhã, «tinha uma garagem clandestina com material inflamável». O INTERIOR apurou que esta casa não tinha licença de construção. Tentámos obter esclarecimentos junto do presidente da Junta de Freguesia de Verdelhos, que não esteve contactável até ao fecho desta edição. Em comunicado, os bombeiros da Covilhã pedem mantimentos a todos os que os queiram ajudar «nesta época difícil», sobretudo leite, fruta, sumos e águas.

Incêndio em Arrifana (Guarda)

Também na passada quinta-feira, ao final da tarde, deflagrou às portas da Guarda um incêndio que começou junto ao acesso à autoestrada A25, no nó da Guarda Norte, onde ardeu a cabine de um camião de frutas, de matrícula espanhola. As chamas alastraram às imediações e consumiram mato, castanheiros e terrenos agrícolas nas proximidades da Arrifana. O fogo não chegou a ameaçar casas, mas progrediu com intensidade devido ao vento forte que se fez sentir no local, tendo contornado a aldeia e avançado para as localidades vizinhas de João Bragal, Casas da Ribeira e Gonçalbocas. As chamas foram dominadas já de madrugada e no local estiveram várias corporações de bombeiros do distrito e da região de Coimbra, num total de 155 homens, apoiados por 54 veículos.

Ana Eugénia Inácio Incêndios em Verdelhos durou quase 24 horas e foi combatido por 450 homens

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