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Imprensa e Património

Anotações

Na sociedade contemporânea, em especial no nosso país, é urgente desenvolver uma reflexão profunda, capaz de activar novas estratégias e políticas eficazes em termos de salvaguarda, valorização, estudo e divulgação da nossa história, cultura, riqueza paisagística e ambiental, do nosso património.

Este último conceito, como é sabido, não se circunscreve, actualmente, à ideia que prevalecia há algumas décadas atrás, identificando-o com palácios, castelos, colecções de pintura ou esculturas.

A noção de património sofreu, inquestionavelmente, uma profunda alteração, influenciando, de modo decisivo, a própria consciência histórica e a reflexão em torno da sua interligação com a memória e a identidade.

A problemática do património assenta numa visão mais alargada e enriquecida por uma profunda relação com a história.

Por outro lado, a sociedade hodierna, com um maior grau de cultura, exige um melhor uso social do património, globalmente entendido; uma postura que, com alguma contradição, evolui perante o desleixo e a indiferença de muitos face à memória.

No nosso país (e na nossa região!..), como é do domínio público, são numerosos os exemplos de destruição do património e da descaracterização de sítios e lugares de inegável importância histórica, arqueológica ou paisagística.

A insuficiência dos recursos financeiros é, normalmente ( e no contexto económico actual mais do que nunca), o argumento utilizado pelos dirigentes políticos que passam, regra geral, ao largo do debate sério sobre as questões da cultura e do património, salvo quando a mediatização dada a casos concretos obriga à teorização de estratégias conjunturais, raramente aplicadas com a eficácia desejada…

Por outro lado, os interesses imobiliários têm, em larga escala, contribuído para profundas rupturas com a especificidade das localidades e acelerado o desaparecimento da arquitectura tradicional e das construções que eram marcos simbólicos de um tempo e de um lugar.

A par desta realidade há também uma grande apatia por parte do cidadão comum, conquistado por um doentio comodismo que orienta os seus padrões culturais no limitado horizonte do quotidiano profissional ou dos amenos diálogos e discursos dos círculos de convívio e lazer; a intervenção cívica é cada vez mais necessária e urgente.

Neste contexto, a imprensa tem um papel de grande relevo na divulgação dos múltiplos aspectos ligados ao património histórico e à cultura das zonas onde está inserida, contribuindo, de forma decisiva para essa profunda reflexão e outrossim para um envolvimento colectivo em prol da sua salvaguarda, antes que o tempo e a incúria façam sentir as irremediáveis consequências.

Muitas vezes o simples registo de uma realidade pode desencadear novas posturas ou o interesse de investigadores que lhe podem dar a justa e adequada visibilidade…

Por: Hélder Sequeira

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