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Impasse mantém-se na Junta do Marmeleiro

Sete meses após as eleições autárquicas, a falta de entendimento entre os eleitos no Marmeleiro continua a impedir a tomada de posse da Junta e da Assembleia de Freguesia, que estão a funcionar em regime de auto-gestão. Tudo porque os candidatos do CDS-PP e do PS reclamam um lugar no órgão executivo da Junta, mas o PSD recusa-se a abrir mão de dois lugares.

Em declarações a O INTERIOR, David Barbeira, o candidato mais votado, assegura que já colocou um lugar no executivo à disposição da oposição e acredita que o principal entrave para resolver o problema é que «as pessoas não se entendem». O candidato do PSD conta que, num momento inicial, propôs a votação do nome do segundo elemento da lista do CDS-PP para secretário da Junta, mas que este se recusou: «Fez-se uma Assembleia onde propus o nome dele. Os elementos do CDS e do PS saíram porta fora e nesse dia não se fez mais nada», refere o presidente da Junta, que diz ter convocado outra reunião, em fevereiro passado, à qual não compareceram nenhum dos eleitos. «Em abril convoquei outra e já apareceram. Nomeei então Edite Barbeira para secretária, mas o seu nome foi reprovado por duas vezes», revela o social-democrata, que não consegue perceber «o que eles querem».

O certo é que David Barbeira se recusa a abdicar de mais do que um lugar no executivo. «Tenho conhecimento de várias Juntas que fizeram isso e nunca trabalharam bem», justifica o presidente, que pretende ficar com a maioria na Junta e está irredutível. A trabalhar com os membros cessantes, o eleito admite que já teve «vários» problemas: «Cancelaram-me a conta no banco», exemplifica, dizendo que não sabe quando a situação com os “adversários” se resolverá, pois «estão com a ideia de vir os dois, mas isso não pode ser». «Eu já cedi. Agora um deles tem que ceder se querem que a freguesia ande para a frente», avisa David Barbeira, que está a garantir os serviços mínimos à população. O social-democrata diz-se impossibilitado de fazer obras, mas mesmo que quisesse a situação financeira da Junta não é a melhor: «Herdei uma dívida de cerca de 12 mil euros. Enquanto não se regularizar isso não se pode pensar em obras», lamenta.

E se o impasse continuar é possível que tenham que se repetir eleições no Marmeleiro. «Se fosse a candidata do CDS a ganhar eu deixava-a trabalhar, sem problema. Fazia oposição na Assembleia e mais nada, nem queria ir para o executivo», garante David Barbeira, que fez parte da Assembleia em mandatos anteriores. Agora que foi cabeça de lista pela primeira vez conta com o apoio do partido, que o aconselhou a «manter a postura e ceder só um lugar. Aqui não se pode fazer a geringonça como no Governo», ironiza. A mais recente controvérsia foi por causa do balanço de contas, que já foi enviado para o Tribunal de Contas no final do mês de abril sem ter sido discutido e aprovado em Assembleia de Freguesia.

Habitantes apelam à união dos candidatos

Este desentendimento não passa despercebido aos habitantes do Marmeleiro. A trabalhar como auxiliar de limpeza na Junta, Maria Amarelo, de 53 anos, reconhece que «o atual presidente está a trabalhar bem» e que «deviam entender-se entre eles para bem da freguesia e das pessoas». Da mesma opinião partilha Maria Dias, de 63 anos. «Que se unam e façam pela aldeia. Se não formarem Junta acho que os prejudicados somos nós», defende a residente, que confessa não estar por dentro dos assuntos políticos, mas «é o que se fala no povo». O INTERIOR contactou novamente o socialista Joaquim Martins, que voltou a declinar prestar declarações, enquanto a centrista Edite Barbeira disse apenas que se «mantém tudo igual».

Sara Guterres David Barbeira não cede mais do que um lugar no órgão executivo da Junta

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