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Impacto do IPG na região foi superior a 24,6 milhões de euros

Presidente do Politécnico escolheu sessão de abertura do ano académico para antecipar primeiras conclusões de estudo sobre a influência do Instituto no distrito

O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) teve um impacto económico superior a 24,6 milhões de euros no distrito em 2011, revelou Constantino Rei na sessão solene de abertura do ano académico. Na última segunda-feira, o presidente do IPG puxou dos galões da instituição ao divulgar os primeiros resultados de um estudo, que está a ser finalizado, sobre a influência do Politécnico nas empresas e no desenvolvimento da cidade e região.

E, pelos vistos, os números não enganam. A começar pelo valor do impacto económico do Instituto na região, que representa 1,6 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) dos doze concelhos das NUT Beira Interior Norte e Serra da Estrela – faltam Aguiar da Beira (Dão-Lafões) e Vila Nova de Foz Côa (Douro). Para Constantino Rei, economista de formação, isto significa que «cada euro gasto pelo Estado no financiamento do IPG gera 2,01 euros de atividade económica na região». Além disso, apurou-se também que o número de indivíduos com atividade profissional atribuída à presença do IPG situava-se no ano passado entre 7,3 e 10,9 por cento da população ativa do distrito. O estudo, realizado por professores da instituição, conclui, por outro lado, que os graduados pelo IPG vão contribuir para o Estado com mais de 8,2 milhões de euros de impostos durante a vida ativa. Mas Constantino Rei esclareceu que este valor apenas diz respeito aos alunos que permanecem na região (Guarda e Seia) e que responderam ao inquérito.

Outro dado a reter indica que estes graduados terão um impacto direto do capital humano correspondente a aproximadamente 13 milhões de euros na Guarda e a 2,7 milhões de euros em Seia. Além disso, o estudo realça que as empresas mais inovadoras da região são as que empregam mais formados no Instituto, sendo que este “cluster” – não identificado por Constantino Rei – é «o que está mais satisfeito com o trabalho prestado pelos profissionais formados no IPG». A recorrer a este retrato do Politécnico, nunca antes feito com a abrangência revelada, Constantino Rei pretendeu sublinhar que o Instituto guardense é um parceiro com que empresas, instituições e autarquias da região devem contar. «As instituições de ensino superior do interior são absolutamente vitais para manter alguma coesão das regiões e não aprofundar ainda mais o fosso litoral-interior», declarou.

«Não são os poucos milhões que o Estado aqui gasta que resolverão os problemas de défice do país, nem estas instituições são geradoras de défices, antes pelo contrário, são instituições dinâmicas capazes de gerar riqueza e puxarem pelo país», sublinhou. No seu discurso, o presidente lembrou também que o IPG «não perdeu assim tantos alunos, como alguns dizem», e exemplificou: «Nos últimos quatro anos, o orçamento colocado à nossa disposição – e estamos já a tomar como referência o orçamento previsto para 2013 – reduziu-se mais de 27 por cento, enquanto o número de alunos diminuiu apenas pouco mais de 4 por cento». De resto, contrabalançou esta redução de estudantes com o facto do Instituto ser atualmente «mais produtivo e ter mais intervenção e impacto na comunidade do que há 11 anos». Para o futuro, além de tranquilizar a academia guardense, Constantino Rei deixou também algumas sugestões para que o ensino politécnico seja valorizado e reforçado, tendo assumido como grande inimigo o abandono precoce no secundário.

A médio prazo, os politécnicos têm que conseguir captar «um novo “público-alvo”», o dos estudantes dos cursos profissionais, situação que será uma das causas da diminuição do número de candidatos ao ensino superior nos últimos anos, considerou. Já para «apagar a imagem social negativa» do ensino politécnico em Portugal, Constantino Rei sugeriu Universidades Politécnicas ou Universidades de Ciências Aplicadas: «Alguém ainda se lembra que a Universidade da Beira Interior foi inicialmente denominada de Instituto Politécnico da Covilhã», recordou. De resto, a prioridade do ensino superior em Portugal é «ajustar a oferta à procura e aproveitar a capacidade instalada». Para tal, defende «a implementação de um mecanismo de indexação das vagas ao número de candidatos ao ensino superior no ano anterior» e a sua fixação por subsistema universitário e politécnico, «tendo em conta as prioridades e políticas nacionais». Constantino Rei preconiza ainda a redução de vagas «em áreas excedentárias e de menor empregabilidade», mas em mais cursos e não apenas no ensino politécnico.

Presidente da AAG quer «bolsas pagas a horas»

A sessão ficou ainda marcada pela curta e sintomática intervenção do presidente da Associação Académica da Guarda. Diogo Seco criticou os «cortes de milhões» previstos pelo Governo para o ensino superior, mas sublinhou que «no IPG já estamos a habituados a isso e temos capacidade para resistir». O dirigente disse esperar que 2013 traga «melhorias na Escola Superior de Saúde da Guarda e bolsas pagas a horas». Por sua vez, o vice-presidente da Câmara elogiou o Politécnico, considerando-o «uma das instituições mais importantes para o progresso e desenvolvimento local». Virgílio Bento afirmou mesmo que «o futuro desta região não pode ser construído sem o IPG», tendo assumido que a defesa do Instituto deve ser «uma responsabilidade de todos». O autarca criticou ainda quem defende o fecho de politécnicos para equilibrar o sistema de ensino superior português, alegando que, tal como nas freguesias, escolas e centros de saúde, «as reformas do atual Governo são determinadas apenas por elementos meramente estatísticos, que não refletem a importância local e regional destas instituições».

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Impacto do IPG na região foi superior a 24,6
        milhões de euros

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