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Este vai ser um ano supersónico. A menos de meio teremos o Euro 2004 já realizado. Até ao pontapé de saída vai falar-se sobre quem deve ou não jogar na selecção, e não haverá duas opiniões concordantes. Vai falar-se sobre as acessibilidades, mas as obras dificilmente ficarão prontas a tempo (ao contrário dos estádios que foram vigiados de perto pelos inspectores da UEFA). Vai falar-se sobre o hino da selecção, e a confusão sobre os direitos de autor e sobre a legitimidade da canção vai uma vez mais rebentar (ao contrário do logótipo oficial, escolhido em tempo útil, pela UEFA). Vai falar-se sobre o apoio dos políticos aos jogos, e desta vez a dispensa da Assembleia da República até passará despercebida.

Como em Portugal toda a gente fala sobre tudo, um dos males da sociedade portuguesa, o tempo vai escoar-se sem quase darmos por ele.

Mas mais importante do que sabermos que tudo se vai passar muito rapidamente, importará saber o que vai ficar depois do Euro. O que se vai fazer aos estádios depois dos poucos jogos aí efectuados? Serão abertos novos centros comerciais, tão em voga nos idos oitentas e dar mais uma machadada no comércio tradicional? Haverá uma alteração dos hábitos dos Portugueses na afluência aos jogos de futebol, com uma redução do preço dos bilhetes, de acordo com o fraco poder de compra da maioria da população? Vamos começar a ter espectáculos musicais ou outros que proporcionem à população a satisfação de necessidades culturais?

Nenhum destes cenários parece provável. E certo, certo, é somar às já depauperadas finanças autárquicas (que também são as nacionais), o encargo de mais um elefante branco. Será mais um sorvedouro de dinheiros públicos e a factura, porventura bem mais pesada e prolongada do que a da sua construção, que foi financiada em grande parte por fundos exteriores, desta vez será única e exclusivamente paga por nós.

Aumentarão as receitas do turismo, dirão os mais optimistas. Talvez, mas no mínimo é duvidoso. Essa é pelo menos a ideia que fica da publicidade enganosa que tem passado nos “spots” televisivos que apresentam o país como ele simplesmente não existe. Da amostra até agora televisionada são só construções de marketing engenhoso que não resistirão a uma leitura atenta e a uma análise um pouco mais profunda. Aldeias que não existem, paisagens que só uma máquina de filmar consegue registar. A verdade é que para termos um incremento do turismo teríamos que começar por criar as condições para esse turismo existir. Mas como o trabalho de casa nunca foi feito, tenta agora vender-se a imagem de um país que não existe.

Por: Fernando Badana

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