Ainda envoltos no rescaldo das presidenciais do domingo passado, as perguntas dos portugueses mantém-se e, o futuro, esse, revelar-se-á sempre incerto… Como será o rumo do nosso país nos próximos anos? O que esperamos do novo chefe de estado?
O novo Presidente da Republica tem com efeito grandes desafios à sua frente e, como expõem cinco intelectuais na Pública (22/01/06), cabe a ele “lutar contra a desesperança”, “garantir a transparência da política”, “avançar com a reforma do Estado”, “apostar na competitividade” e “planear um desenvolvimento sustentável”.
Na verdade, a imagem que o estado e o presidente de um povo veiculam é extremamente importante para os seus concidadãos e, neste momento, aquilo que o nosso povo mais necessita é de confiança.
Recordemos a história e o passado, bebamos da coragem e audácia que conduziu o nobre povo lusitano há cinco séculos atrás e juntos edifiquemos um sonho, uma vitória, um país, aquilo que Fernando Pessoa denominou de “Quinto império”, o império da perfeição moral e intelectual.
Esqueçamos o regresso de D.Sebastião numa manhã de nevoeiro, e sejamos argonautas num alvorecer límpido e cristalino na tripulação de Vasco da Gama, lutando contra todos os gigantes Adamastores e todos os Bacos porque afinal todos nós somos heróis. Não sabemos bem o que procuramos, mas sabemos o que queremos…queremos um país erguido, sem medos nem reservas, um país justo e pacífico, um país limpo e honesto, um país respeitado, mas sobretudo um país amado e esse amor diz respeito a todos nós.
Sonhamos com uma qualquer Ilha dos amores e confiamos em Vénus. Como poderá ela esquecer-se de nós, filhos e filhas “do peito ilustre lusitano”?
Mereceremos nós algum dia os deleites dessa ilha? Quero acreditar que sim… resta-nos fazer o mais difícil: acreditar e lutar por ela.
“Oh que famintos beijos na floresta,
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves, que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã e na sesta,
Que Vénus com prazeres inflamava,
Melhor é exprimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o que não pode exprimentá-lo.”
Camões, “Os Lusíadas”, IX, 83
O Infante
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
Fernando Pessoa, Mensagem
Por: Cláudia Fonseca