– Como foi esta participação no júri do Prémio Riacho?
Foi desde logo um reencontro com um passado agradável: com um antigo professor, com a pessoa que já no meu tempo dirigia o Expressão com que colaborei, e com uma encarregada de educação que, enquanto tal, representa as estruturas mais sólidas da escola. Depois foi (que me recorde) a minha primeira experiência em que fui avaliador, classificando trabalhos de pessoas que desconhecia. Há sempre uma carga de responsabilidade que temos de gerir muito bem, porque se para uns o Prémio Riacho pode ser um mero concurso literário escolar, outras pessoas jogam ali expectativas e pequenas ambições. Acredito que no final o júri tomou a decisão mais acertada.
– Que comentários te merecem os textos a concurso?
É preciso levantar a cabeça, respirar e pensar se eu fazia melhor com aquela idade. Em boa verdade, há muita gente que escreveu este ano tão bem ou melhor do que eu escrevia naquela altura. Nota-se de uma forma geral uma tendência para a introspecção e para uma ‘psicologia coxa’. Por isso, acabo por preferir as boas histórias. O processo de escrita deve partir sempre de uma boa história, com princípio, meio e fim, e é no meio da história – na forma e no conteúdo – que somos originais. Se primeiro atiramos os rendilhados para o papel e depois nos preocupamos em encaixar qualquer coisa à volta, o texto dificilmente prende. Felizmente que houve vários que estavam mais próximas do primeiro método.
– És jornalista no SOL: que tipo de trabalho fazes?
Estou destacado em permanência na edição online, o que obriga a uma versatilidade e destreza que só alguns jornalistas de órgãos de comunicação locais compreenderão. Felizmente que é daí que venho, pelo que estas tarefas não me são estranhas. Posso ter de trabalhar notícias de agência, construir textos de raiz a partir de informações que recebemos, ou acompanhar temas de agenda. Na edição impressa já escrevi sobre justiça, política e cultura, por exemplo.
– Como te sentes na pele de um jornalista (ainda) novato num jornal de nível nacional?
Felizmente tenho o privilégio de ter como colegas e chefes pessoas amistosas experientes, pelo que o ser ‘novato’ não se tem revelado um grande problema. Quanto ao tratar-se de um jornal nacional, permite-me acreditar que a progressão que desejo para a minha carreira está facilitada. O currículo também sai valorizado, mas o orgulho e o sentido de responsabilidade que tenho na minha profissão são exactamente os mesmos de quando trabalhava no jornal O INTERIOR, na Guarda, onde, aliás, aprendi grande parte do que sei hoje. Mas tenho dado passos pequenos e seguros, o que transmite segurança às pessoas que trabalham comigo e que confiam em mim, e se nota naquilo que faço.