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Humor negro de Topor servido à mesa no TMG

Projec~ apresenta “A Cozinha Canibal” no pequeno auditório até sábado

A segunda proposta do Projéc~, a estrutura de produção teatral do TMG, está em cena até sábado no pequeno auditório do Teatro Municipal da Guarda. “A Cozinha Canibal”, do francês Roland Topor (1938-1997), é uma das obras representativas do movimento “Pânico”, do qual o autor foi co-fundador, que é caracterizado sobretudo por utilizar terror e humor em simultâneo.

Encenada por Américo Rodrigues e interpretada por Rui Nuno, membro do Projéc~ e actor residente do Centro Dramático de Évora, a peça é baseada no livro de culinária onde se descrevem, com a minúcia do homem prático, suculentos pitéus exclusivamente destinados aos mais finos apreciadores de iguarias. Mas nestes conselhos de Topor descobrimos também o alimento necessário à insubmissão. «Pegue-se num inocente, despoje-se, abuse-se dele, dê-se-lhe pontapés, mate-se, corte-se em bocados de igual grossura e meta-se na panela com bastante manteiga, sal, pimenta, especiarias, alhos e salsa picada. Depois de tudo bem refogado, acrescente-se um copo de vinho branco e um pouco de caldo. Quando o inocente começar a ferver, tire-se do lume e sirva-se em maus lençóis. Para comer discretamente enquanto se vai falando de outra pessoa qualquer», escreveu o autor numa das receitas deste livro recheado de humor negro e ironia quanto baste.

O Projéc~ estreou-se em Setembro de 2006 com a peça “E outros diálogos”, do escritor João Camilo. Trata-se de um projecto que se pretende irreverente e activo na área do teatro. José Neves (actor do Teatro Nacional D. Maria II), Luciano Amarelo (Teatro Bruto), Rui Nuno (Centro Dramático de Évora) e Américo Rodrigues, actor e encenador, constituem o núcleo duro desta estrutura.

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