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Humor

Bilhete Postal

Fazer graças com algo, rir de alguma coisa, tentar apimentar um acontecimento, colorir de ridículo uma vulgaridade, introduzir vinagre num doce, fazer um insólito na ordem, produzir uma nota errada num concerto, mas sempre num gesto pensado, construído com o fim de rasgar um sorriso ou libertar uma gargalhada. Não se consegue sempre e tenho-o como uma tarefa das mais complexas da escrita. Por vezes, o insólito surge-nos na vida e mostra motes para um compêndio de disparates. Os motes podem ser dramáticos mas transportam o dedo da graça. Um caixão disparado de uma carrinha durante um acidente mata o tipo que o defunto menos gostava: o morto matava! Um cabeleireiro onde os secadores alteram de modo irreparável os cabelos: saíram todas carecas de lá! Um morcego numa enfermaria do hospital. Há inúmeras coisas surpreendentes na vida que podem construir gracejos. Quase sempre a piada caminha entre a destruição e o apoucamento. Servem de exemplo a crítica da lentidão de alguns, o reforço dos defeitos de muitos, o acinte sobre o insucesso de outros, a graçola sobre o desentendimento, a chacota pelas derrotas. O humor tem muito de perverso mas é todo ele vertido na política. Em breve veremos correr tinta de humor, fel do mais virulento pois está a chegar a campanha eleitoral. As europeias vão carregar apoucamento de bradar aos céus e deviam ser um encontro político sobre a Europa e o nosso papel dentro deste projeto.

Por: Diogo Cabrita

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