Hugo Iria, 13 anos, aluno do 6º ano no Agrupamento de Escolas de Gouveia, vive amarrado a uma cama em sua casa, respirando com ventilação mecânica, e apenas tem os olhos como ferramenta de trabalho.
Mas com eles comanda um computador portátil, adaptado com tecnologia avançada, que lhe permite receber as suas aulas por vídeo-conferência, fazer pesquisas, consultar autores, revelando-se um super-aluno, um exemplo de coragem para muitos jovens, sobretudo pelo excelente aproveitamento que tem conseguido. Desde casa, cumpre na sua escola um currículo específico individual, com um acompanhamento carinhoso e profissional nos domínios da língua portuguesa, matemática e homem-ambiente, ministrado pela professora Emília Canhoto, especialista nas áreas da deficiência mental-motora e multideficiência.
Na passada sexta-feira, ele próprio fez a entrega de um CD que produziu, com uma biografia comentada e ilustrada sobre o escritor Alexandre Perafita, que visitou a sua escola e depois a sua casa, no âmbito das acções do Plano Nacional de Leitura (PNL). O seu gosto pelas histórias, pela leitura, pela aprendizagem, é uma das marcas singulares da personalidade deste jovem. Entretanto, as extremas dificuldades financeiras desta família levam a mãe do pequeno, Rita Santos, a viver momentos de angústia com as notícias que tem ouvido sobre os anunciados cortes nos apoios sociais. «Só um Estado desumanizado poderia pôr em causa o apoio social devido a este jovem», lamenta um próximo.
