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Hotel Turismo em falência técnica

Câmara da Guarda está obrigada a transferir este ano mais dinheiro para compensar a perda de mais de metade do capital social da sociedade

A sociedade Hotel Turismo está em falência técnica e para evitar a sua dissolução, ao abrigo do artº 35 do Código das Sociedades Comerciais, a Câmara da Guarda está obrigada a transferir este ano mais dinheiro para compensar a perda de mais de metade do seu capital social.

A recomendação é do fiscal único desta sociedade por quotas, cujo único accionista é a autarquia, para quem o resultado líquido de 2009 e os capitais próprios previsionais estão «sobreavaliados em cerca de 107 mil euros e 345 mil euros, respectivamente», refere o relatório, a que O INTERIOR teve acesso. Apesar de concordar que o Hotel Turismo já teve melhores dias, Vítor Santos, vereador e gerente da unidade, considera que não se trata de falência técnica: «Não estou a ver empresas públicas falidas tecnicamente, só se fosse uma empresa privada», declarou. No entanto, o mau desempenho da sociedade ficará a dever-se ao facto de ter «fechado 2009 com um défice de exploração de pouco mais de 101 mil euros, pelo que a Câmara tem que fazer a cobertura desse prejuízo para fechar contas e pagar dívidas», justificou. Mesmo assim, o vereador garante que tem havido «uma gestão equilibrada para não haver conflitos laborais e manter a unidade em funcionamento até que fosse encontrado um comprador [a Turismo de Portugal]».

E nestes últimos dois anos os custos com pessoal foram da ordem dos 290 mil euros para cerca de 400 mil euros de receitas. «É um custo social que assumimos, pois o objectivo era evitar o fecho do hotel», adianta. O problema é que as circunstâncias de monopólio em que o Turismo trabalhou durante várias décadas mudaram e a unidade nunca foi requalificada, tendo-se deteriorado progressivamente. «Para 3 estrelas, é um hotel que fica muito aquém do que há no mercado», assume Vítor Santos, lembrando que dos 110 quartos disponíveis antes já só se utilizam 59. «A taxa de ocupação é de 30 por cento, sobretudo através de participantes nas actividades que promovemos e de grupos», refere. A salvação está agora na aquisição da unidade pela Turismo de Portugal, num negócio cujos contornos e valores ainda não são conhecidos. O que se sabe é que o projecto do futuro será um hotel-escola, para que os alunos possam pôr em prática os seus conhecimentos nesta área.

«Este acordo é o melhor caminho, uma vez que não é vocação da Câmara gerir um hotel. Além disso, traz estudantes para a cidade», acrescentou. Actualmente, o Turismo tem 28 funcionários. Segundo Vítor Santos, tudo indica que o protocolo a celebrar com a Turismo de Portugal deverá ocorrer até ao final do ano. Recorde-se que a Câmara da Guarda deixou escapar os apoios do SIVETUR (Sistema de Incentivos a Produtos Turísticos de Vocação Estratégica) para a requalificação do Hotel de Turismo, tendo sido obrigada a candidatar-se ao Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE) “Serra da Estrela”. O que ficou definido desde logo é que o hotel, projectado por Vasco Regaleira na década de 40, seria vendido a privados, sendo que a autarquia, proprietária e actual gestora da unidade, optou pela alienação de quotas por negociação directa.

Desde Outubro de 2007 que a unidade está a ser gerida pela autarquia, depois da rescisão do contrato com a Predial das Termas. Entretanto, prossegue o processo de classificação do Turismo como Imóvel de Interesse Nacional, Público ou Municipal pelo IGESPAR (Instituto Português de Gestão do Património Arquitectónico).

Luis Martins Tudo indica que a Turismo de Portugal venha a ser a próxima dona do hotel projectado por Vasco Regaleira

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