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Hospital da Guarda com VMER única no país

Carrinha tem tracção às quatro rodas, mais espaço para equipamento e nova motorização

O Hospital da Guarda tem, desde a passada quinta-feira, a única Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do país com tracção às quatro rodas. A possante carrinha Wolkswagen Passat, de 130 cavalos, entregue pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) poucos dias após a activação da cobertura CODU ao distrito, permite maior rapidez de actuação e mais facilidade de utilização do equipamento pela tripulação (um médico e um enfermeiro). «Acreditamos que a Guarda vai continuar a dar um excelente exemplo a todo o país nesta área e queremos que o serviço seja feito com eficácia, mas também com mais segurança para as tripulações, pois esta é uma actividade de alto risco», sublinhou Pedro Lopes, vogal do Conselho Directivo do INEM.

Espera-se que a viatura amarela, listada de azul, – as novas cores da emergência médica em Portugal – venha a ter mais serviços com o alargamento da rede CODU ao distrito e acabou de resto por ser estreada nessa tarde num acidente na A23, sem gravidade. Desde a semana passada que as chamadas para o número de socorro “112” da Guarda são encaminhadas directamente para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) de Coimbra, onde são tratadas por operadores e médicos do INEM que accionarão os meios indicados a cada situação. Contudo, a VMER guardense só terá operacional o respectivo equipamento de rádio, com ligação permanente a Coimbra, nas próximas semanas. Até lá, as saídas são despoletadas telefonicamente. Um contratempo que o coordenador da VMER desvaloriza perante o «avanço significativo» da ligação do 112 ao CODU de Coimbra. «Essa alteração vai-nos permitir prestar uma assistência muito mais rápida, pois até agora chegávamos quase sempre após os bombeiros e em muitos casos eram eles que nos activavam. Ultimamente já se tem verificado o contrário, o que é bom para os doentes», sublinha José Manuel Rodrigues.

O médico adianta que a viatura, sediada há quatro anos na Guarda, tem acorrido sobretudo a casos de enfartes, AVC’s, intoxicações e acidentes, mas considera que tem funcionado «quase como carro de apoio ou posto avançado da Urgência» que vai buscar doentes aos Centros de Saúde devido a uma triagem deficiente das situações dada a falta de ligação ao CODU. «Isso vai mudar a partir de agora», garante, admitindo que a carrinha é «um avanço» na qualidade da assistência prestada, pois tem, entre outras melhorias, um compartimento para manter os soros quentes, «o que é muito bom em casos de traumas», especifica. Quanto à escala das tripulações, José Manuel Rodrigues confessa que «se tem feito das “tripas coração” e temos vindo a resolver as lacunas com muita boa vontade». Um facto destacado por José Cunha, para quem as tripulações têm tido uma «autêntica paixão» pelo serviço. O director clínico do Hospital Sousa Martins sublinha de resto que a entrega de uma viatura única no país é «um prémio para o bom desempenho» das equipas médicas e para a população. «A VMER tem dignificado e orgulhado o próprio INEM», considera.

O hospital vai agora ser chamado a celebrar com o Instituto Nacional de Emergência Médica um protocolo de responsabilização dos condutores, que poderão vir a suportar os danos causados aos veículos em casos de negligência. «Pretendemos que as tripulações, a nível do país, possam também sentir-se responsáveis pela forma como actuam com esta viatura», revelou Pedro Lopes, destacando que as equipas do Sousa Martins não têm dado «razões de queixa». Proximamente, também os hospitais da Covilhã e Castelo Branco irão passar actuar com uma viatura VMER, mas das antigas.

Luis Martins

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