A administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) prevê realizar 120 fertilizações “in vitro” em 2010, na sua Unidade de Medicina de Reprodução, única no interior do país. As obras para a instalação do novo laboratório de procriação medicamente assistida «estão a avançar e deverão estar prontas em Fevereiro», estima João Casteleiro. Entretanto, já começou a triagem de casais, nas consultas de fertilidade.
Actualmente, apenas Lisboa, Porto e Coimbra têm unidades deste género, o que obriga a que quem necessite de tratamentos tenha de se «sujeitar às deslocações e com muita frequência», refere o presidente do conselho de administração do CHCB, ao constatar que as despesas relacionadas com as viagens fazem com que «sejam caros até num estabelecimento público». De acordo com um estudo da Universidade da Beira Interior (UBI), referido por aquele responsável, existem nos distritos de Castelo Branco e Guarda 1.300 mulheres, entre os 30 e os 50 anos de idade, casadas e sem filhos, que se deparam com problemas de infertilidade. Em média, 30 por cento dos casos de insucesso na fecundação são resolvidos nas consultas de infertilidade.
Com a nova Unidade de Medicina de Reprodução do CHCB, projectada para realizar entre 100 a 200 fertilizações por ano, «o tratamento deixa finalmente de ser possível só nas grandes cidades», congratula-se João Casteleiro, para quem este serviço constitui «uma mais-valia para a região».
«Não é por acaso que isto está no interior do país», sublinha o presidente do conselho de administração do CHCB, destacando o papel do Ministério da Saúde e da Administração Regional de Saúde do Centro na criação da unidade: «Significa que os nossos governantes começam a ter um pensamento mais igualitário e a perceber que o interior tem que ter as mesmas condições que o litoral», conclui.
Como a triagem de casais já está em curso e a unidade hospitalar estima realizar as primeiras fertilizações logo no início de 2010, tudo indica que o primeiro bebé proveta da Beira Interior poderá, assim, nascer ainda no próximo ano. Para além das fertilizações “in vitro”, a Unidade de Medicina de Reprodução inclui outros procedimentos, mais simples, como a indução de ovulação ou o coito programado.
A coordenar o projecto está o médico brasileiro Hélio Oliani, chefe do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e também docente convidado na Faculdade de Ciências da Saúde da UBI. Este médico trouxe pela primeira vez um bebé proveta ao mundo há 15 anos, naquela que foi a sua primeira experiência no Brasil.
O investimento na nova Unidade de Medicina de Reprodução ronda os 900 mil euros, em instalações e equipamento. Mal estejam concluídas as obras, deverá chegar a autorização da Comissão Nacional de Procriação Medicamente Assistida para a realização dos tratamentos de fertilidade.
