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Hoje, começámos a viver acima das possibilidades da Terra

A organização não governamental Global Footprint determina o dia em que a exploração humana ultrapassa a chamada biocapacidade da Terra. Este ano foi ontem, 13 de agosto.

Em oito meses, a humanidade consumiu os recursos renováveis que o planeta consegue produzir durante um ano. A partir de hoje, estamos a delapidar as reservas da Terra.

Há 20 anos que a Global Footprint, uma organização não governamental ligada à conservação da natureza, faz o cálculo: com dados fornecidos pelas Nações Unidas, a ONG compara a pegada ecológica do Homem – que mede a exploração dos recursos naturais do planeta Terra pelo ser humano – com a capacidade do planeta de se regenerar, renovando os seus recursos e absorvendo os resíduos.

Perante as informações recolhidas, a Global Footprint determina o dia em que a exploração humana ultrapassa a chamada biocapacidade da Terra. Em 2015 esse dia assinalou-se ontem, 13 de agosto. A data é cada vez mais precoce: em 2005, o homem começava a explorar as reservas do planeta só a partir de setembro. Em 1975, os recursos renovados a cada ano terminavam apenas em novembro.

A vertigem do consumo é cada vez maior e a humanidade, conforme indica a organização, vive cada vez mais tempo “a crédito”, com a dívida ecológica a crescer e a tomar proporções preocupantes. A desflorestação, escassas reservas de água, poluição e o efeito de estufa são o preço que o Homem já está a pagar pelo consumo desenfreado dos recursos terrestres, num ciclo vicioso que, daqui em diante, só pode piorar caso não sejam tomadas medidas urgentes.

A poucos meses da conferência mundial sobre as alterações climáticas – prevista para dezembro, em Paris – o vice-presidente da Global Footprint, Sebastian Winkler, disse ao jornal “Le Monde” que as negociações que se avizinham serão determinantes para reduzir a pegada ecológica do homem, porque são as emissões de carbono as principais responsáveis pela degradação do ambiente e dos recursos terrestres.

A continuar a tendência de sobreexploração dos recursos do planeta, em 2030 serão necessários os recursos gerados por dois planetas Terra para responder às necessidades do homem. A boa notícia, segundo Sebastian Winkler, é que basta que os 195 países que vão participar na reunião de Paris cheguem a acordo para a redução em 30 por cento das emissões de CO2: assim, em 2030, a humanidade viveria das reservas da terra só a partir de 16 de setembro, verificando-se uma maior poupança dos recursos do planeta. Caso nada mude, o dia chegará a 28 de junho.

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