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Haja transparência e coerência

Crónica Política

Apresentados os candidatos às autárquicas, na Guarda, importa saber se todos chegam à meta.

A curiosidade não deveria recair sobre os protagonistas ou lemas de campanha sobre tal partido, ou candidato. A centralidade deverá ser sobre que políticas e orientações na governação municipal vão ser seguidas para travar o caminho dos que têm tido responsabilidades políticas com reflexo na desgovernação do concelho desde os primórdios do poder local democrático. Recordam-se das mil e uma promessas e mais um par de botas, do crescimento da PLIE, da revitalização da Linha da Beira Baixa, da revitalização do centro histórico, das apostas na rentabilização de espaços devolutos, outrora escolas primárias, estas transformadas em centros de dia e lares de 3.ª idade. Promessas emblemáticas, com a participação de um exército de candidatos, vereadores e um infindável número de putativos candidatos a lugares comuns. Hoje emergem muitos deles como independentes. É natural a expetativa criada quanto ao enquadramento da candidatura bicéfala no seio dos partidos que sempre tiveram responsabilidades no executivo municipal e assembleia municipal, PS e PSD. O candidato a presidente, outra coisa não poderia fazer senão apresentar-se como o candidato da continuidade, legítimo num enquadramento político, outro mais difícil tendo em conta que foi vice-presidente da câmara. Será que podemos ser confrontados no efetivo debate, este centrado nas responsabilidades políticas e não outras?

Parece que, reconhecendo o deserto do profundo debate político, não vejo deles medidas fracturantes que ponham travão ao caminho da delapidação do nosso concelho, principalmente as suas gentes. De facto, fazer melhor implica que os guardenses escolham melhor e essa escolha não poderá estar refém das mirabolantes promessas de campanhas eleitorais, onde cada objetivo é quase inalcançável. Mas afinal o que iria o PS fazer melhor, caso dessem de novo a possibilidade de governar o concelho?

Quais as diferenças que os independentes originários do PS e PSD demonstram em relação aos partidos onde militaram, quando estes foram protagonistas de decisões nefastas ao endividamento do concelho e sobretudo à manutenção da linha política central das governações do poder central (PS/PSD e CDS).

Quanto ao PSD/CDS estamos falados. A matriz autárquica não difere na substância da atual governação, neste caso do poder central. Lembram-se da célebre afirmação: “Não pague, não pague…”

A matriz será a de irem endividar “melhor” o município? Iriam ficar a dever “melhor” a freguesias, a bombeiros, a agentes culturais, desportivos e sociais? Iriam repetir um segundo “resgate” do PAEL mas exigindo um garrote ainda mais apertado para os munícipes? Iriam recuperar “melhor” património, mantendo-o fechado ao acesso dos munícipes? Há equipamentos municipais subaproveitados, falta de estratégia de articulação entre associações locais e o município e o não aproveitamento das capacidades dos trabalhadores municipais. A entrega a privados daquilo que o público deveria fazer.

O investimento foi com dinheiros públicos, como na PLIE ou PURD. Será inocente o chumbo de uma moção da CDU há mais de oito anos que exigia no âmbito do PDM que o espaço da antiga Gartêxtil, Delphi e outras empresas se mantivessem para esse fim e não para fins imobiliários. Sabem quem votou contra? Os deputados municipais do PS e PSD. Esclarecido caro(a) leitor(a)?

Há investimentos públicos que têm outra intenção lá longe, os interesses privados que muitas vezes emergem na nossa cidade. Basta que os munícipes tenham memória, mas também se exige que os jornalistas se debrucem sobre decisões de localização de construção das instalações do Politécnico, da alienação do antigo cineteatro e as consequências do definhamento de edifícios nobres da cidade, desde logo as instalações do antigo quartel militar. A CDU sempre se bateu pela defesa dos interesses mais vastos dos munícipes, contra a especulação imobiliária, a destruição da agricultura com potencialidades no nosso concelho. Enfim, haja memória política perante a coerência dos diferentes eleitos na AMG pela CDU.

Neste projeto coletivo emerge o interesse coletivo dos munícipes, onde não gastamos rios de dinheiro em mensagens publicitárias em que muitos escondem a sua essência, emergem na figuração pessoal e com mensagens cifradas.

Haja transparência nas propostas e coerência nas opções. Princípios que devem nutrir também quem escolhe e não apenas quem é escolhido. Os partidos não são todos iguais. A voz da CDU no executivo municipal será a grande diferença na gestão municipal, o nosso candidato é independente, sobretudo independente do capital e dos interesses ocultos que muitas vezes condicionam a nossa terra.

Por: Honorato Robalo

* Dirigente da Direção da Organização Regional da Guarda do PCP

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