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«Há uma geração na Câmara que não compreende os problemas dos jovens»

Nuno Reis, candidato do CDS-PP à Câmara da Covilhã

P-Foi difícil embarcar neste desafio do CDS-PP, visto que só aceitou o convite à “última da hora”?

R- Foi com grande dificuldade que aceitei. A proposta tinha sido feita há algum tempo pela estrutura nacional e concelhia do CDS, mas também pelo presidente da Juventude Popular, João Almeida. Só que fiquei sempre relutante em aceitar, porque havia a barreira da idade e achava que não era o candidato ideal. A decisão foi muito pensada e sem possibilidade de voltar atrás. Pesei muito bem os prós e os contras e, com todo o apoio que tive, mesmo de Ribeiro e Castro, não conseguiria dizer que não.

P-Assume-se como um candidato «diferente dos outros». Porquê?

R-Porque todos os outros raramente apresentam propostas concretas para a Covilhã. O que fazem é criticar Carlos Pinto, mas não apontam medidas para o futuro, por exemplo, para criar emprego na cidade e fixar os jovens. São candidaturas vagas, enquanto que nós propomos soluções concretas, estudadas e planeadas para que a Covilhã seja uma grande cidade do interior, atractiva nos próximos quatro ou oito anos, e sobretudo para que não perca população para o Fundão ou Castelo Branco. Se não tomarmos medidas urgentes, a cidade estará deserta daqui a 30 ou 40 anos.

P-Com que expectativas parte para esta campanha eleitoral?

R-Com expectativas positivas, nem que seja só para passar a nossa mensagem. Os nossos principais anseios são que os munícipes compreendam que há mais para além do betão e dos jardins.

P-Qual é o principal objectivo a atingir?

R-Pretendemos eleger um vereador que represente a juventude na autarquia e que a aproxime dos eleitores e dos munícipes. De certeza que iremos conseguir esse objectivo, pois há neste momento uma geração na Câmara da Covilhã que não compreende os problemas dos jovens. É essa tendência que queremos mudar. Queremos colocar os jovens na Câmara através de um vereador que possa planear e pensar o seu futuro. Ninguém melhor para isso do que uma pessoa dessa geração e que compreenda esses problemas.

P-Ganhar não está então nos planos do CDS?

R-Não. Sabemos que Carlos Pinto vai vencer. Seria desmedido dizer que vamos ganhar a Câmara da Covilhã, como fez o candidato do PS. Acreditamos que Carlos Pinto vai ganhar e achamos que nos vai ter como apoio fundamental no seu próximo mandato.

P-Teme o confronto com os outros candidatos?

R-Nunca. Estou a aprender muito com esta candidatura. Victor Pereira, Carlos Pinto ou Jorge Fael são candidatos que têm muito mais experiência do que eu, mas não é isso que me faz tremer. A minha preocupação nesta campanha vai ser chamá-los à atenção para problemas para os quais não estão preocupados. Normalmente preocupam-se com a necessidade de baixar os impostos. Nós também, mas preocupa-mo-nos igualmente com uma população que não é relembrada nestas candidaturas, os jovens que estão a fugir da Covilhã. Quem permanecerá nos empregos no futuro? Quem dará riqueza à cidade? É hoje que temos que falar nestes problemas e é a 9 de Outubro que os eleitores vão ter a possibilidade de os resolver. Caso contrário, seremos uma cidade deserta daqui a 30 ou 40 anos.

P-Acredita num bom resultado?

R-Estou confiante. As pessoas preocupam-se com o futuro dos filhos e penso que isso irá reflectir-se nas urnas. Mas já nos damos por satisfeitos se conseguirmos passar esta mensagem à população e se a futura Câmara achar que as nossas ideias são fundamentais para o desenvolvimento do concelho.

P-Que ideias irá defender durante a campanha?

R-Defendemos sete medidas para um melhor futuro na Covilhã. A primeira é a redução do custo de vida, nomeadamente a diminuição do imposto municipal sobre os imóveis, da taxa de derrama de 10 para 5 por cento e a necessidade de um valor único e razoável para o preço do metro cúbico de água. A segunda defende um maior investimento na educação, onde incluímos a redução dos custos da educação, das refeições no pré-escolar e um transporte escolar eficiente. Defendemos ainda uma maior cidadania e um maior apoio às instituições sociais como medidas seguintes. A quinta medida diz respeito a um maior apoio ao investimento, sendo essencial a descida do preço do metro quadrado de terreno industrial, a criação de um programa de recuperação dos antigos edifícios industriais e a sua entrega a baixos custos a investidores. Defendemos depois um melhor ambiente, com uma reflorestação ordenada e árvores menos combustíveis. Por fim, reclamamos a criação de postos de trabalho.

P-Qual o aspecto positivo que destaca no mandato de Carlos Pinto? Há alguma obra de referência?

R-As obras a que assistimos durante este mandato partiram quase todas do Governo. É o caso do Polis, da A23 e da Faculdade de Medicina. É claro que houve projectos camarários importantes, como os pavilhões gimnodesportivos. Mas deste mandato salvaguardo o aproveitamento da água para os jardins. A Câmara fez um belíssimo trabalho nessa área. Outro dos aspectos é a atenção dada aos idosos. Não sei até que ponto isso não será uma medida de propaganda, até porque temos hoje 11.208 pessoas a beneficiar do Cartão Municipal do Idoso, logo são 11.208 votos para Carlos Pinto. Mas convém recordar que a Covilhã tem hoje pessoas a passar fome e que não têm apoios. Se as ajudas não surgirem rapidamente, estes munícipes correm o risco de levar uma vida ingrata, a olhar para a autarquia que não os apoiou.

P-E o negativo?

R-Acho que o menos positivo foi a pouca atenção dada ao acesso à Serra da Estrela. Esta autarquia preocupou-se com o turismo, mas não com os acessos. Entregou-se o turismo à Turistrela, mas essa concessão não tem presente que os turistas que vêm de Lisboa não gostam de estar nas filas de espera. Por isso, preferem ir para Espanha. Temos que pensar urgentemente em melhores acessibilidades se queremos atrair turistas. Também me parece negativo o facto da juventude não ser contemplada com apoios sociais. Vai-se avançar agora com o Cartão Jovem Municipal, uma ideia que já vem sendo discutida há muitos anos por Carlos Pinto. No entanto, não há que limitar a juventude apenas a um cartão porque isso não vai resolver os problemas. Há que ensiná-los a ser voluntários e criar uma bolsa de agentes de voluntariado para a Covilhã para que possam dispensar algum tempo a trabalhar com idosos, nas creches, no ambiente e com aqueles que mais precisam.

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