Arquivo

«Há mais valores no distrito para além de mim»

Cara a Cara – Entrevista

P – Rezam as crónicas de que foi uma peça fundamental para o Benfica ter conquistado a Taça de Portugal no jogo com o Esmoriz. Ficou obviamente satisfeito com tanto elogio à sua exibição?

R – Claro que sim. É natural que uma pessoa fique satisfeita quando vê reconhecidos os frutos do trabalho que tem feito ao longo de bastante tempo.

P – Foi o primeiro grande troféu que conquistou?

R – Sim. Foi a primeira final a que fui. A nível nacional, a única coisa que tinha ganho foi o campeonato nacional de desporto escolar, quando jogava em Seia.

P – Pensa que esta exibição lhe poderá abrir as portas para outros patamares?

R – Não, porque neste momento penso que já estou num patamar bastante elevado. Estou no actual líder do campeonato nacional e no actual detentor da Taça e também na selecção nacional.

P – Como é que tem sido esta sua primeira época no Benfica?

R – Tem sido bastante positiva. No início senti um pouco de dificuldades, já que não estava habituado a ter um ritmo tão alto de treino durante tanto tempo. Normalmente na selecção já treinava com o mesmo ritmo que treino agora no Benfica, mas depois fazia uma “pausa” e regressava para a Académica de Coimbra, onde joguei cinco anos, e onde o ritmo de treino era bastante mais baixo. Este ano é o primeiro que estou a fazer com cargas bastante elevadas de treino. Isso foi um pouco difícil até me habituar, mas penso que agora tenho vindo a melhorar cada vez mais, tanto que tenho jogado mais vezes e contribuído mais para a equipa.

P- Quais as suas grandes ambições a nível de clube?

R – A nível pessoal gostava mesmo de conquistar o meu lugar no “seis” do Benfica, porque ainda estou um pouco “intermitente”, também fruto da rodagem que tem sido feita entre os jogadores. Isto mais a curto prazo. Depois, a médio/longo prazo toda a gente tem a ambição de ser campeão nacional e eu não fujo à regra.

P – E na selecção?

R – Este ano vamos ter um Campeonato da Europa que é primeira vez, num passado recente, em que Portugal participa. No ano passado, já estive entre os 12 atletas que conseguiram o apuramento e para mim já foi um marco bastante importante. Não vou aqui estabelecer metas dos 10 primeiros ou coisa parecida, porque como é a primeira vez, não sei bem o que vou encontrar. Penso que o facto de participar já é bastante positivo. Por isso, o objectivo é ficar nos 12 para poder participar no Europeu.

P – Acaba de chegar um novo seleccionador. Pensa que a sua exibição pelo Benfica na Taça de Portugal poderá ter servido para o impressionar?

R – Acho que pelo facto de em anos anteriores já ter trabalhado na selecção nacional e ter mostrado empenho e trabalho, já é um aspecto bastante importante. Este ano já fui novamente chamado, vou ser novamente inscrito na Liga Mundial e claro que fiquei bastante satisfeito.

P – Como é que foi “descoberto” pela Académica?

R – Foi a jogar em Seia. Fiz toda a minha formação em Seia e por volta dos 17 anos é que fui para Coimbra. Na altura, o treinador adjunto da Académica foi ver uma série de jogos porque ele também estava ligado ao voleibol de formação e houve algumas vezes que jogámos com eles. Na altura, repararam em mim, perguntaram se eu queria sair e na altura quase que não tive outra opção, porque se tivesse ficado em Seia, provavelmente teria deixado de jogar porque só havia mesmo equipas de desporto escolar. Surgiu-me essa oportunidade e felizmente correu bem.

P – Como é que vê o voleibol no distrito da Guarda, onde apenas o Sena Clube tem actividade a nível sénior?

R – O voleibol no distrito tem pouca expressão, talvez por falta de apoios. Em Seia sempre houve boas equipas de formação, mas havia o problema dos alunos chegarem a uma certa idade e terem de deixar de jogar, até que finalmente se formou uma equipa federada, o Sena Clube. Mas mesmo assim têm muitas dificuldades em se manter. Falando do concelho de Seia, penso que tanto as pessoas, como a imprensa em geral, falam muito do futebol e do atletismo, enquanto que o voleibol continua sem ter o destaque que já merece. Até porque se há desporto que tem dado bastante nome particularmente a Seia é o voleibol. Estou no Benfica e na selecção nacional, e há mais dois ou três rapazes do Sena Clube que também já foram chamados à selecção de cadetes e penso que um outro poderá ser chamado à selecção “A”. Penso que isto já merece mais destaque.

P – Há então mais valores no distrito para além do André Lopes?

R – Sim, sim. Por exemplo, houve outro rapaz de Seia, o Marco Ferreira, que já está a jogar nos juniores do Benfica e já no ano passado integrou os trabalhos da selecção nacional.

Sobre o autor

Leave a Reply