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Guerras

Corta!

Percebe-se agora os motivos para tanta história em redor de Mr and Mrs Smith. Meses antes de estrear e as duas estrelas do filme eram presença constante

nas revistas cor-de-rosa. Amores e desamores, sexo violento à mistura em hotéis com hospedes menos pacientes e que acabaram com pelo menos um casamento terminado, tudo serviu para ir alimentando as expectativas do público. O filme lá foi sendo publicitado e no fim a expectativa era de que parte desse público quisesse ver o trabalho que deu lugar a tanto rumor. Ao ver-se o filme a conclusão que se tira é de que as histórias supostamente reais entre Angelina Jolie e Brad Pitt, se não eram lá muito interessantes, eram, ainda assim, muito superiores ao

que acaba por se ver no filme. A produção deitou rapidamente as mãos à cabeça com o dinheiro gasto (mais de 100 milhões de dólares). Dinheiro esse que não se vê durante o filme.

Filme onde o humor pouca ou nenhuma piada tem, apimentando por cenas de acção feitas sem qualquer vigor ou pingo de imaginação. Pelo meio uma guerra dos sexos onde sexo não existe e a guerra é fraca. A história do filme, no meio disto tudo, pouco interessa, não só ao público, mas visivelmente a quem fez o filme. Mas pode-se resumir da seguinte forma: um casal de assassinos profissionais, que desconhecem a profissão da pessoa que vive com eles, acabará por se ter que defrontar. Cada um deles é contratado para matar o outro. Não estarei a contar demasiado, por tão óbvio, se disser que o amor (fraco e desinspirado amor) acabará por vencer tudo.

Se as pipocas, na sala de cinema onde costuma ir forem realmente boas, até se pode justificar uma ida ao cinema para ver este produto de marketing. Para quem não gosta de pipocas é que já é pior arranjar uma justificação.

… de raças

A referência é Magnólia, de Paul Thomas Anderson. Várias personagens que s e cruzam, cada uma com uma história individual. A uni-las um tema: o racismo e as suas várias manifestações. Começando com um registo de comédia, rapidamente o (melo)drama toma conta do filme e seus personagens. Entre a poesia e a angústia, Crash – Colisão é um dos melhores filmes estreados este ano. Com alguns dos momentos mais sublimes de puro cinema em muito tempo, Colisão só peca, por vezes, por esticar demasiado a corda. Nem sempre seria necessário reforçar o que já tinha ficado entendido pelo espectador. O lado mais poético, e também mais sedutor, acaba assim, muitas vezes, por ser reconduzido para terrenos mais rasteiros que em nada ajudam a que o filme se transforme na obra-prima que por vezes se anuncia e adivinha. O cinema americano, por vezes, não sabe mesmo em que altura deve parar. Onde o cinema europeu, tanta vez, receia chegar, pecando por defeito, os americanos pecam por excesso.

Um destaque para o elenco de estrelas que aqui nem o parecem ser, tal a canalização que é feita para bem do filme e das personagens que nele habitam, em detrimento de uma alimentação de egos que só acabam por prejudicar aquilo que realmente interessa. Filme imprescindível.

Por: Hugo Sousa

cinecorta@hotmail.com

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