A Federação Portuguesa de Esqui (FPE) está a ser gerida desde a última segunda-feira por uma Comissão Administrativa presidida por José Manuel Rodrigues, sendo ainda constituída por Artur Meireles e Sérgio Figueiredo. Esta decisão foi divulgada numa conferência de imprensa convocada por José Pinho, que continua a intitular-se como presidente da instituição sedeada na Covilhã. Por sua vez, José António Amarelo Fernandes garante ser ele o presidente da direcção da FPE, afirmando que Pinho foi destituído da presidência numa assembleia-geral realizada em Março de 2003, entretanto impugnada pelo mesmo. Entre outras denúncias, Pinho acusa Amarelo Fernandes de ter cometido várias irregularidades para supostamente assegurar que os seus filhos fossem campeões nacionais da modalidade na época 2001/02.
Um dos exemplos destas alegadas ilegalidades apresentado por José Pinho terá ocorrido numa prova de “slalom” especial, uma descida técnica não perigosa, onde uma miúda de onze anos terá feito o percurso em menos tempo, 1m20s87, que Sónia e Filipe Amarelo, 1m26s48 e 1m21s82, respectivamente. Pinho acusa o vice-presidente do Instituto Politécnico da Guarda de se ter servido de um clube que «meteu na FPE» para, como mentor, «promover, com planificação e métodos de organização, os seus próprios filhos a campeões», conta. As divergências entre Pinho e Amarelo começaram quando o primeiro não quis assinar um documento em que Filipe Amarelo era considerado campeão nacional. «Não assinei, não assino, nem assinarei um documento falso porque numa prova que é feita em duas mangas, esse falso campeão só participa na segunda», quando os regulamentos referem que quem não entra na primeira já não pode participar na segunda. Não se ficando por aqui, Pinho diz que «o mais curioso de tudo isto é que não correu na primeira e correu sozinho na segunda, quando o regulamento diz que para se ser campeão são precisos quatro atletas no mínimo», continua. Mas o rol de pretensas ilegalidades prossegue, com Pinho a dizer ainda que esta mesma prova «é ilegal», na medida em que não foi cronometrada pelo conselho de juízes da FPE. Não concordando com os métodos alegadamente utilizados, José Pinho não assinou a homologação dos títulos e foi «a partir daqui que começou o nosso diferendo», recorda.
Outra acusação dirigida por Pinho a Amarelo Fernandes foi a deste «não apostar na formação», dando o exemplo de uma prova realizada no estrangeiro onde a selecção de infantes não participou em nenhuma descida porque os «miúdos tinham medo». Pinho deu ainda a conhecer a anulação do processo de filiação e consequente retirada do estatuto de sócio efectivo da FPE do Centro de Treino e Animação Desportiva do IPG. «Não estamos contra a formação e a juventude, mas sim contra a mentira que foi empregue e usada em benefício próprio de Amarelo Fernandes», denuncia, acusando o CTAD de não ser um clube, «mas um serviço interno» do IPG. «Depois de todos estes problemas chegámos ao ponto de, maquiavélica e clarificadamente, Amarelo Fernandes ter pensado em destituir-me», acusa Pinho. Destituição essa que aconteceu, segundo um fax enviado às redacções durante a última semana por Amarelo Fernandes, que se intitula presidente da direcção da FPE. Contudo, Pinho refuta esta tese, alegando ter denunciado a dita assembleia-geral de 19 de Março de 2003, «como não sendo digna desse nome». Nesta altura, «já se sabia do caso do CTAD» e da «falsificação da inscrição de atletas de três clubes, com assinaturas todas feitas à base de um A», revela, adiantando ainda que se encontram várias acções em tribunal e queixas-crime apresentadas no Ministério Público por «violação e ocultação de correspondência oficial por parte da direcção da FPE». Apesar das várias tentativas, não foi possível, em tempo útil, contactar Amarelo Fernandes para conhecer a sua versão dos acontecimentos e a reacção às acusações que lhe foram imputadas.
Ricardo Cordeiro