Arquivo

Guardense na dianteira para combater Parkinson

Rui Costa é co-autor de uma investigação que identifica as células do cérebro envolvidas no início e fim de movimento e acções aprendidas

O guardense Rui Costa é um dos autores de uma investigação portuguesa, publicada na semana passada na revista “Nature”, que identifica as células do cérebro envolvidas no início e fim de movimento e acções aprendidas e lança pistas para atenuar doenças que destroem esse conhecimento, como a de Parkinson.

A título de exemplo, o investigador principal do Programa Champalimaud de Ciências, no Instituto Gulbenkian de Ciência, cita o acto de conduzir um carro e de engrenar uma mudança. «Fazemos isso automaticamente, só que a decisão de iniciar o movimento tem de estar nalgum lado. E depois faz o movimento e, a certa altura, alguma coisa no cérebro tem de dizer, está completo [o movimento], acabou», referiu. Segundo Rui Costa, o objectivo deste estudo era perceber como «conseguimos começar uma acção que aprendemos e como conseguimos terminar essa mesma sequência de acções», explicitou. A resposta foi obtida com a ajuda de ratinhos, que foram ensinados a tocar oito vezes numa tecla para obterem uma recompensa. «Verificámos que muitos neurónios estavam activos antes do início do primeiro pressionar da tecla, ou antes do último», adiantou.

A actividade neste circuito neurológico foi depois alterada, com o auxílio de ferramentas genéticas, e constatou-se que isso «causava deficiências na iniciação e terminação das sequências e na aprendizagem da sequência específica», relatou o investigador. Os animais, «em vez de pressionarem oito vezes, pressionavam quatro, ou às vezes doze, e demoravam muito mais tempo a iniciar uma nova sequência», o que é semelhante a sintomas apresentados pelos doentes de Parkinson ou Huntington, doenças que provocam desordens progressivas nos movimentos. O passo seguinte deste trabalho, que envolve uma equipa internacional de 12 pessoas, é «conseguir determinar exactamente como activar as células que estão relacionadas com o início de uma sequência de movimentos, ou com a [sua] terminação, para poder fazer uma estimulação cerebral inteligente em pacientes com estas doenças», declarou Rui Costa.

A investigação, que já leva quase três anos, ainda vai demorar até ser posta em prática. «Tenho esperança que haja avanços muito grandes no tratamento destas doenças durante a próxima década, mas, a mais curto prazo, é difícil prever», adiantou o cientista.

«Tenho esperança que haja avanços muito grandes no tratamento destas doenças na próxima década», diz investigador

Guardense na dianteira para combater
        Parkinson

Sobre o autor

Leave a Reply